Greve geral altera agenda da retirada de direitos

Com o objetivo de barrar as reformas que pretendem dar fim aos direitos trabalhistas e previdenciários da classe trabalhadora, representantes das principais centrais sindicais foram recebidos na tarde desta quarta-feira (03) pelo senador Renan Calheiros na sala da liderança do PMDB no senado, em Brasília/DF. A agenda, solicitada pelo presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, foi uma resposta imediata ao vitorioso resultado da greve geral que fez mais de 40 milhões de trabalhadores cruzarem os braços em todo o país.
“Quero cumprimentá-los pelo que aconteceu na última sexta-feira (28) … o senado, como todos sabem, é uma casa complexa mas o processo legislativo não tem como caminhar se não com os ouvidos colados nas ruas”, analisou Calheiros. Segundo ele, não se pode deixar de discutir mudanças, reformas ou transformações, “mas para fazer isso, em primeiro lugar, é preciso ouvir o povo, os trabalhadores” e completou: “é evidente que na medida em que houver mobilização teremos o reflexo disso aqui no senado”.
O senador também criticou pontos dos projetos, “como se viu na terceirização, inclusive na atividade fim, a reforma trabalhista que revoga a CLT e uma reforma previdenciária que é contra os trabalhadores e as regiões mais pobres da Federação”. Ele ainda destacou a discussão sobre o fim da contribuição sindical: “Como é que você acaba com a contribuição sindical e mantém a contribuição patronal via Sistema S? A quem interessa isso?”, questionou.
Renan Calheiros ressaltou, ainda, a importância das mobilizações e se colocou à disposição para encaminhar propostas consensuais: “se for necessário nós vamos conversar com quem for. Os trabalhadores precisam ser ouvidos e não podemos permitir que esse desmonte se faça no calendário que essa gente quer”. O senador comparou o que está acontecendo hoje no país com o período do presidente Artur Bernardes (1922 a 1926), considerado o governo da vingança: “no século 21 isso não pode mais se repetir no Brasil”.
Presente ao encontro, o senador Roberto Requião (PMDB/PR) disse a todos que existe no senado uma base de resistência, que, segundo ele, “é capaz de segurar essa parada”. Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), é fundamental que em um processo como esse tenha a sociedade presente, “que possa ter gente dentro do parlamento, aqui é a casa do povo. Com isso a gente consegue fazer uma boa discussão e mostrar a sociedade o que está em jogo aqui entre os direitos da população, dos trabalhadores, desenvolvimento do país e interesse de um pequeno grupo”, ressaltou.
Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o recado das ruas foi um sinal de alerta aos congressistas aliados ao governo ilegítimo de Michel Temer. “A adesão dos ramos e categorias à greve geral mostrou ao país todo que quem votar nessas reformas não volta a ocupar um cargo no legislativo”. Freitas destacou as reprovações a essas medidas, confirmadas por meio de pesquisas de instituto de opinião pública. “Mais de 70% dos trabalhadores entrevistados são absolutamente contra todas essas reformas. Essa é uma pauta impopular e a sociedade está sendo aviltada com esses projetos sendo votados a toque de caixa”.
Segundo o dirigente, esse governo está promovendo um estelionato eleitoral porque não foi eleito para realizar nenhuma dessas reformas propostas, “por isso a CUT propõe a retirada dos dois projetos (trabalhista e previdenciário) e eleições diretas para que o povo decida a proposta de governo que deverá promover as mudanças necessárias para o crescimento e desenvolvimento do Brasil”.
O presidente da CUT destaca, ainda, que a mobiliziação é necessária para reverter esses retrocessos: “é imprescindível a manutenção das ações no municípios e bases dos parlamentares para que eles não votem contra a classe trabalhadora, a presença dos dirigentes de 08 a 12 de maio em Brasília para pressionar os parlamentares e também a ocupação da Capital Federal entre os dias 15 a 19 de maio, quando será votada a reforma da previdência do plenário da Câmara.”
Participaram da reunião as senadoras Lídice da Mata (PSB/BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) e os senadores Randolfe Rodrigues (REDE/AP), Lindberg Farias (PT/RJ), Paulo Rocha (PT/PA), Paulo Paim (PT/RS) e o deputado Orlando Silva (PCdoB/SP).