Governo Richa coloca em risco a vida e a saúde dos/as educadores/as

Indignação! Espanto! Surpresa! Não é possível! Não, ele não chegaria a tanto! Essas foram expressões que se espalharam pelas milhares de escolas da rede pública estadual do Paraná nos últimos dias. Referem-se ao comportamento do governador Beto Richa (PSDB) que mergulhou num poço aparentemente sem fundo de ódio e vingança contra os/as servidores/as públicos do Paraná, especialmente os professores e as professoras da rede estadual. O final da greve, ao invés de colocar as partes depositando as armas, serviu para que o governo aparentemente aproveitasse o ensejo para intensificar sua raiva e desprezo pela categoria.
Como o ódio cega, o governador e sua equipe de comunicação, no afã de continuar colocando a população contra os/as Trabalhadores/as em Educação, mantiveram seu ataque criminoso aos salários da categoria, facilitaram cada vez mais o acesso ao portal da transparência, distorceram o papel público do portal da agência estadual de notícias e, até agora, não mediram qualquer consequência desta escolha vingativa.
O final da greve, ao invés de colocar as partes depositando as armas, serviu para que o governo intensificasse sua raiva e desprezo pela categoria. O governador com essas medidas desmerece por completo a luta histórica de décadas e décadas de jornadas duríssimas, penosas e de muito sacrifício na busca da valorização profissional com a conquista de melhores salários.
Desmerece também direitos que ainda precisam ser ampliados, consolidados. A valorização salarial que alcançamos até este período ainda está longe de ser a ideal. Se houve algumas melhoras, estas precisam ser mantidas e a luta, seja com crise financeira ou não, é resistir e avançar sempre. Esse é o papel histórico do sindicato. Ninguém poderia imaginar que este governo pudesse ir além da extrema violência cometida contra os/as servidores/as no dia 29 de abril no Centro Cívico, em Curitiba. Mas a ação da criminalização dos salários da categoria é tão grave quanto o 29 de abril.
Ao expor e estimular publicamente a opinião pública a identificar salários dos Educadores e as Educadoras da rede estadual e também das universidades, como se salários acima de R$ 2.500, fossem salários de gente rica, dialoga com o senso comum e a ampla maioria do povo que luta, trabalha e sobrevivem com médias salariais desumanas para um estado rico como o Paraná. Atira por terra toda o discurso de valorização salarial que o próprio governador insiste de forma distorcida em divulgar como mérito de seu próprio governo.
O auge da violência sobre esse tema foi a matéria “em 111 cidades, salários dos professores são maiores que os dos prefeitos”, publicada no portal eletrônico governamental na quarta-feira (17 junho). Nesse texto oficial do governo são descritos os “20 maiores salários” de professores que teriam rendimentos superiores aos “mandatários” do poder executivo.
O governador, de forma desastrosa, incorreu num conjunto de equívocos graves a serem descritos aqui:
1) Os ditos 20 maiores salários são irreais. Esses/as educadores/as receberam recursos atrasados, como pagamento de promoções e progressões. Ao não discriminar cada valor e optar por colocar como salário mensal, essa distorção tornou-se criminosa;
2) Essa divulgação mentirosa coloca em risco a vida e a saúde dessas pessoas. Ao afirmar que esses/as educadores/as ganham mais que os prefeitos, o governador as/os colocou todas/as ao risco da violência de assaltos, sequestros. As famílias destas pessoas passam a correr sério risco de serem agredidas. Também as expõe a violência moral especialmente frente ao senso comum da massa que é tão explorada pela sociedade capitalista. Gerou uma insegurança que fatalmente poderá desencadear processos depressivos nessas pessoas;
3) Ao escolher os prefeitos das cidades como parâmetro de melhor ganho, o governador do Paraná denuncia sua cultura atrasada e colonialista: Quem merece maior salário, no caso também com dinheiro público, é a classe política e não os/as Trabalhadores/as Públicos;
4) Ao destacar os municípios de menor renda, regiões empobrecidas do Paraná para realçar sua tese, fica implícita a discriminação que faz o governador. Nestes lugares todos deveriam ganhar pouco mesmo! Total falta de sensibilidade social como dirigente público estadual. Que permaneçam todos pobres nestas regiões esquecidas do mapa político!
Outras avaliações precisam ser feitas sobre esse comportamento antidemocrático nesta conjuntura. Fato é que ao concentrar sua energia pessoal para perseguir os/as educadores/as do Paraná, o governador opta por desviar a atenção da opinião pública sobre o conjunto de denúncias graves sobre seu governo. Também, ao continuar insistindo na tese do desgaste político partidário das/os greves dos servidores/as paranaenses, o governo procura aniquilar o direito de lutar dos/as servidores/as. Este é mais um discurso de violência, pois não respeita o direito legítimo de greve. Aprofunda-se, portanto, a tese que temos defendido aqui neste espaço de que este é um período ditatorial no Paraná. O governador Beto Richa não respeita a constituição brasileira que desde 1988 optou no Brasil pelo ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO!
(Professor Hermes Silva Leão, Presidente da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, 23/06/2015)