Governo quer volta às aulas presenciais, mas não investe na estrutura necessária para isto

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, a exemplo do presidente Jair Bolsonaro, tem defendido a volta às aulas presenciais nas escolas públicas em todo o País. O curioso, para não dizer outra coisa, é que o governo federal exige a volta de estudantes e profissionais da educação às escolas sem investir na estrutura necessária para isto.

O contrassenso do governo é ainda mais gritante, uma vez que Bolsonaro protocolou uma ADIN junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a Lei 14.172/21, que destina R$ 3,5 bilhões para a conectividade nas escolas. No resumo, Bolsonaro retira verba que seria destinada à educação, não investe nada nos mecanismos de segurança e de estrutura necessários para receber milhares de estudantes e professores(as) nas escolas públicas, e ainda exige a volta às aulas presenciais em um momento que vivemos uma grave pandemia, com mais de meio milhão de mortos e a esmagadora maioria da população ainda sem ter sido vacinada.

Presidente da Comissão de Educação, a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende diz a volta às aulas nesta conjuntura, assusta. “A nossa preocupação é que o volume de recursos investidos é muito distante do necessário. Não é para entregar um computador, não é para entregar um chip, mas precisa vir com arcabouço pedagógico para que possa ter efeito na aprendizagem”, salienta.

Durante audiência pública realizada nessa quinta-feira (08), o ministro da Educação foi cobrado sobre recursos orçamentários para a área. Milton Ribeiro ressaltou que houve aumento nas despesas de custeio e manutenção, e classificou o momento atual como “economia de guerra”, no qual os recursos devem ser distribuídos com prioridade. Diante desta fala, fica mais que claro que a Educação nunca foi uma prioridade para o governo federal, infelizmente.

Desde o ano passado, mais precisamente em março de 2020, momento que teve início a pandemia da Covid-19, professores(as) e orientadores(as) educacionais da rede pública de ensino, além dos(as) estudantes, têm passado por diversos problemas fruto da ausência de políticas públicas dos governos federal e estadual, e de investimento na educação pública.

Além de uma carga bem maior de trabalho, a categoria ainda teve que superar diversos obstáculos para levar conteúdo para a casa de alunos(as). Importante frisar que a pandemia agravou ainda mais o abismo existente entre o ensino público e o privado, visto que muitos(as) estudantes não tem computadores ou aparelhos celulares para acompanhar as aulas, internet e em alguns casos, não tinham sequer energia elétrica, ponto que dificultou ainda mais a continuidade das aulas remotas neste período.

Nos espanta ver a pressa do governo na volta às aulas presenciais sem garantir o mínimo de estrutura para isto, com o agravante de, além de não investir na educação, ainda tirar recursos que poderiam ajudar neste processo, exemplo dos R$ 3,5 bilhões para a conectividade nas escolas.

O Sinpro defende a volta às aulas presenciais no Distrito Federal e está em processo de negociação com a Secretaria de Educação para vacinação de todos(as) os(as) profissionais da educação, condições seguras nas escolas e continuaremos, também, na campanha pela imunização de toda população.