Governo Bolsonaro já provocou perda de R$ 1 mil no salário mínimo do trabalhador

Se o reajuste do salário mínimo desde 2002 tivesse evoluído de acordo com a inflação esperada, como planejam Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, o(a) trabalhador(a) brasileiro(a) ganharia um piso de R$ 502, cerca de 58,6% a menos no bolso de trabalhadores(as) ativos(as) e inativos(as). Para os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais, os 3% a menos no salário representariam R$ 1 mil a menos, queda que se aplica, também, para aqueles(as) que se aposentam sem paridade.

O cálculo é do economista Francisco Faria, da LCA Consultoria. Faria estimou a perda acumulada, mês a mês, de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, em termos reais (corrigida pela inflação). Conforme os cálculos, se a política de valorização tivesse sido mantida nesse período, o salário mínimo hoje seria R$ 36 maior, pulando de R$ 1.212 para R$ 1.248, ou 3% a mais. Caso os planos de Bolsonaro e Guedes vinguem, seria “o fim da aposentadoria”, afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Inocentini.

Confira matéria publicada no Jornal O Globo.

 

 

Trabalhador do salário-mínimo já perdeu R$ 1 mil acumulado no governo Bolsonaro

 

Esse é o efeito no bolso do trabalhador com a mudança promovida por Paulo Guedes, que abandonou a política que vigorou nos governos Lula, Dilma e Temer

 

O trabalhador brasileiro que recebe salário mínimo já perdeu R$ 1.058 em reajustes acumulados no governo Bolsonaro. Esse é o custo para o bolso do brasileiro de baixa renda com a mudança de regra promovida pelo ministro Paulo Guedes, que abandonou a política de aumentos atreladas ao PIB que vigorou durante os governos Lula, Dilma e Temer.

As contas são do economista Francisco Faria, da LCA Consultoria. Ele explica que atualizou o salário mínimo tendo como referência a regra que vigorou no país até 2020, de aumento do PIB de dois anos antes, mais a variação da inflação. O valor é a perda acumulada, mês a mês, de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, em termos reais, ou seja, corrigido pela inflação. No recorte mensal, o salário mínimo hoje seria R$ 36 maior, pulando de R$ 1.212 para R$ 1.248 ou 3% a mais. “O exercício que eu fiz foi simples: usei a mesma regra do previsto pela lei que perdeu efeito e calculei o quanto teria sido o salário mínimo se ela fosse “renovada”, afirmou.

Ampliando o olhar para 2023 e tendo como referência o Orçamento enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso, o prejuízo irá aumentar. Segundo Faria, o salário mínimo no ano que vem será de R$ 1.283 contra projeção de R$ 1.382, pela regra antiga, ou seja, R$ 99 reais a mais, 7,7%.

O economista explica que até 2007 não havia regra definida para o reajuste do mínimo, que ficava dependendo da decisão política do governante em questão. Foi quando Lula definiu a regra de aumento tendo como referência o crescimento do PIB de dois anos anteriores mais a variação da inflação. “Em 2011, a regra foi transformada em lei (12.382), definindo essa forma de reajuste para período 2012/2015. Em 2015, uma nova lei (13.152) estende o procedimento até 2019. A partir de 2020, a fórmula foi abandonada: o reajuste foi vinculado ao INPC”, afirmou.

Em 2020, o salário mínimo foi de R$ 1.045. Pela regra antiga, seria de R$ 1.061. Em 2021, Bolsonaro pagou R$ 1.100, mas pagaria R$ 1.133 se tivesse renovado a vigência da lei. Em 2022, 1.212 contra 1.248, e em 2023, 1.283 contra 1.382, na mesma comparação.

Somando-se a perda a cada mês, que parece pequena, chega-se a um número relevante. O trabalhador deixou de receber R$ 1.058. O curioso é que hoje quem recebe Auxílio Brasil está sendo estimulado a pegar empréstimo da Caixa com juros de 50% ao ano.

A manutenção da regra de valorização do salário mínimo poderia ter contribuído para conter o aumento da miséria no país, que agora se tornou “bandeira eleitoral” do presidente às vésperas das eleições.

 

Fonte: O Globo

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