Golpistas tentam de novo calar trabalhadores e jovens com repressão

Após a aprovação atropelada, em segundo turno, da nefasta PEC da Morte por 53 votos a favor e 16 contra dos senadores, manifestantes que protestavam na Esplanada dos Ministérios foram alvo da arbitrariedade e de muita violência policial.
Vindos de diversos estados, as centenas de manifestantes queriam apenas exercer o direito de protestar contra o congelamento de investimentos públicos em educação, saúde e programas sociais por 20 anos. Revistados e intimidados durante todo o dia pela polícia, que montou barreiras a partir da Rodoviária, os manifestantes foram acuados durante a tarde em torno da Catedral.
Por volta das 17h, próximo do horário previsto para o ato público, centenas de pessoas, entre trabalhadores e trabalhadoras e jovens, tentaram marchar até o Congresso Nacional. Impedidas de passar pela barreira policial, foram arbitrariamente agredidas com violência física, com bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, spray de pimenta, tiros de borracha, cassetadas de cavalarianos e policiais do choque. Os manifestantes foram dispersados e empurrados em direção ao Museu e à Rodoviária.  Mas a violência não parou por aí. Os policiais não se contentaram enquanto não dispersaram totalmente os manifestantes, perseguindo pequenos grupos de jovens e trabalhadores até a Torre de TV e o início das Asas Norte e Sul (SCS e SBN).
A polícia não poupava ninguém.  Até mesmo quem saía do trabalho e se dirigia à Rodoviária foi atacado por bombas lançadas de helicópteros e intimidado pelos PMs na parte superior do viaduto sobre o Eixo Monumental.
“É um absurdo. A cavalaria veio para cima com tudo, mesmo sabendo que havia famílias com crianças e muitas pessoas que nem faziam parte do movimento. Foi um verdadeiro campo de guerra, com arsenal, bombas, prisões e violência gratuita. Vim de longe para protestar pacificamente e acabei sendo tratado dessa forma”, explica o professor de Minas Gerais, Antônio Silva.
“Agora sim veremos o fim das políticas públicas. O reflexo do golpe é esse mesmo, violência gratuita e sem limites, para garantir com base na repressão e na criminalização dos movimentos a retirada de direitos e conquistas sociais. Viemos aqui mostrar ao governo golpista nossa revolta, mas sequer tivemos chance. Já vieram com tudo para cima da manifestação. Um país que quer se dizer democrático não pode tratar manifestantes com tamanha brutalidade. É lamentável”, explica a estudante Laís de Carvalho.
Unidade e greve geral
Para a vice-presidente da CUT Brasília, Meg Guimarães, o governo golpista mostrou como lida com anseios dos trabalhadores: a base de bala de borracha, gás, bombas, violência. “Mais uma vez fomos covardemente atacados simplesmente por defender nossos direitos. Vivemos um estado de exceção e a tentativa de criminalizar os movimentos. Este é um ataque proposital à classe trabalhadora que não vai parar por aqui. Ainda têm as reformas trabalhista e da Previdência e diversos outros projetos que representam retrocessos para toda população. Todos estão prestes a serem aprovados. Mais que nunca, precisamos nos unir, sairmos às ruas e organizar a greve geral contra este governo golpista e usurpador”, afirma.
A famigerada PEC 55 (antiga 241), chamada de PEC da Morte, que deverá ser promulgada até esta quinta, resultará no desmonte do Estado. Direitos básicos e essenciais como saúde e educação que já estão em estado de calamidade vão piorar ainda mais, pois a proposta irá congelar investimentos em saúde, educação e outros serviços sociais por 20 anos, prejudicando a atual e as próximas gerações. Os recursos tirados das áreas sociais vão favorecer banqueiros e empresários.
“Não é de se espantar que o Senado, formado por uma grande maioria de golpistas, entreguistas, representantes do empresariado e do latifúndio, tenha aprovado, às pressas e com portões fechados, a PEC da Morte. Da mesma forma que atropelaram a democracia, o voto popular dos brasileiros, promovendo o afastamento da presidente Dilma, os golpistas seguem sua sanha de tirar todos os direitos e conquistas dos trabalhadores. E a qualquer custo, com violência e repressão. A elite só se contenta com a miséria do povo. Nós vamos seguir nas portas do Congresso e do Palácio do Planalto manifestando nosso repúdio a esse e todos os demais golpes contra o país e a democracia e seguiremos, incansável e permanentemente, lutando por direitos, igualdade e justiça social”, afirma Rodrigo Britto, presidente da CUT .