“Golpistas aprovam PEC da Morte, mas grito nas ruas não se calará”

Mais um passo para concretizar o golpe de Michel Temer e Cia foi dado na noite dessa terça (29). Após sete horas de falações no plenário do Senado, a Proposta de Emenda à Constituição 55 foi aprovada em primeiro turno por 61 votos favoráveis e 14 contrários. A proposta do presidente ilegítimo, conhecida como PEC da Morte, joga nas costas da sociedade, principalmente a de baixa renda, a conta da crise econômica no Brasil: corta na Saúde, na Educação, em todos os investimentos sociais por 20 anos e, ao mesmo tempo, poupa qualquer medida que atinja o megaempresariado, além de aprofundar a negativa situação econômica do País.
“Embora já tivéssemos a expectativa de que o resultado não seria favorável à sociedade, já que a base aliada de Temer golpista e empresarial é maior no Congresso, o placar conferido no plenário do Senado nessa terça assola o povo brasileiro. São décadas e décadas de retrocesso. E é por isso que nós da CUT, dos movimentos estudantil e social; todos nós, cidadãos que estamos amargando com esse governo golpista, temos de ampliar a pressão contra o retrocesso. Golpistas aprovam PEC da Morte, mas o grito nas ruas não se calará. Seguiremos denunciando os interesses antitrabalhadores e mostraremos nossa indignação e resistência na votação em segundo turno da PEC 55 no dia 13 de dezembro”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
O dirigente sindical ainda repudia a violência policial investida sem limites contra os cerca de 50 mil manifestantes de todo Brasil que protestaram nessa terça (29), em Brasília, em repúdio à PEC 55. “Por que a polícia investiu sobre a multidão de 50 mil que exercia pacificamente o livre direito à manifestação? Centenas de pessoas, inclusive jovens menores de idade, foram gravemente atingidos por bombas, spray de pimenta, cassetadas, golpes da cavalaria e todo artifício usado indiscriminadamente pela polícia em manifestações. E, ao contrário do que dizem na grande mídia comercial, quem provocou o caos e transformou a Esplanada dos Ministérios em uma praça de guerra, foi a própria polícia militar de Temer e Rollemberg, que recebeu os manifestantes no gramado do Congresso com porrada.” Leia mais aqui.
Jornais e tevês, que monopolizam e manipulam informação no país e sempre foram favoráveis ao golpe de Estado, tentaram retratar os movimentos sociais como “vândalos”, ressaltando ações de poucos provocadores e ignorando as verdadeiras e nefastas causas da manifestação. “A mesma mídia golpista segue escondendo da população o debate sobre os reais efeitos que a PEC teria sobre a vida das pessoas. Com uso de força policial e outras táticas, a direita segue criando e provocando situações de violência para criminalizar o movimento social”, completa Marcos Junio, dirigente da CUT Brasília.
A história do movimento social e sindical de Brasília mostra que as mobilizações populares são tratadas com violência. Os acontecimentos desta terça durante a marcha contra a PEC 55 e pelo Fora Temer na Esplanada lembram a repressão ocorrida há exatos 30 anos numa passeata ontra o plano cruzado II e pelo Fora Sarney, rememora Jacy Afonso, dirigente da Fetec CUT-CN e ex-presidente da CUT Brasília. Leia artigo dele, escrito em 2011, lembrando o episódio.
Dia 13 tem mais
A PEC 55 ainda passará pela votação em segundo turno no Senado. Mas, segundo o assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, Neuriberg Dias, o resultado não deve ser animador para a sociedade. “Passando agora, o segundo turno tende a confirmar o que foi aprovado no primeiro”, afirma. A votação em segundo turno da PEC da Morte está programada para 13 de dezembro.
Foram rejeitados todos os destaques apresentados pela oposição e que foram votados separadamente. O primeiro, de autoria do senador Humberto Costa (PT/PE), retiraria do congelamento de gastos os recursos da saúde e da educação (55 votos contra 17). O segundo, também de autoria de Humberto Costa, pedia a realização de um referendo popular em 2017 para que os brasileiros pudessem decidir se concordam ou não o novo regime fiscal proposto pelo governo federal (51 votos contra 15). Por fim, o destaque da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) sugeria um limite de gastos também para o pagamento de juros e encargos da dívida pública da União (52 votos contra 16).
As rejeições comprovam as intenções da PEC 55: atender exclusivamente aos interesses do mercado. “Eu quero que mostrem uma medida que atinja os ricos com essa PEC. Taxação de grandes fortunas, lucros e dividendos, juros. Nada! Não há nada para os ricos, não há nada para os banqueiros. É um ajuste feito todo em cima do povo pobre brasileiro”, discursou em plenário nessa terça (29) o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).