GDF volta atrás e transfere local de vacinação de crianças contra a Covid-19

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira (19), o Governo do Distrito Federal (GDF) afirmou que adotará a recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de não usar as escolas públicas do DF como ponto de vacinação de crianças. O anúncio foi feito pelo secretário chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, e retroage à decisão do vice-governador do DF, Paco Britto, em utilizar as unidades escolares para imunizar as crianças.

A Secretaria de Saúde do DF já anunciou a vacinação do público infantil (5 a 11 anos) contra a Covid-19, e crianças a partir de 8 anos poderão ser imunizadas contra o vírus a partir desta quarta-feira (19). A Secretaria de Educação ainda afirmou que intensificará a vacinação deste público de 7 a 12 de fevereiro, período que antecede a volta às aulas na rede pública.

Todas as crianças com idade para se vacinar poderão procurar qualquer posto de vacinação no Distrito Federal.

 

Retorno 100% presencial

Outro ponto abordado durante a coletiva de imprensa foi o retorno 100% presencial nas escolas públicas do DF. O início do novo ano letivo está agendado para 14 de fevereiro e, para o Sinpro, é prematura a decisão do GDF em dizer que as aulas começarão, de qualquer jeito, 100% presenciais.   

A preocupação do sindicato pode ser exemplificada por números: o nível de ocupação dos leitos de UTI voltou a 81% – resultado, também, do surto de Influenza e do aumento de casos de Dengue –; aumento de 131% na taxa de transmissão da Covid-19 no DF; recorde de casos diários em 2022 (dia 17 de janeiro), quando a Secretaria de Saúde do DF confirmou 5.648 mil infecções pelo novo Coronavírus; RT em 2,31 e a média de casos em 5.648 mil na terceira onda, a maior de toda a crise sanitária. Durante a primeira onda da pandemia, em março de 2020, a taxa de transmissão chegou a 2,61. Na época, a média era de cerca de 3 mil casos diários. Durante a segunda onda, março e abril de 2021, o Rt (transmissão) chegou a 1,42 e os registros de infecções por dia ficaram na média de 2.263 mil.

Segundo o diretor do Sinpro, Cleber Soares, é preciso que o governo apresente alternativas diante do cenário de insegurança sanitária, além de apostar em amplas campanhas de conscientização junto à comunidade do DF. “Achamos prematura a decisão do governo de dizer que as aulas começarão, de qualquer forma, 100% presencialmente. É preciso monitorar e avaliar o cenário para se ter certeza de qual será a melhor maneira de realizar esse retorno. A prioridade é preservar a vida de todos e todas”, afirma.

A diretora do Sinpro-DF, Berenice D’Arc, reforça a luta pela necessidade de diálogo com a comunidade. “Considerar o retorno sem a vacinação com os estudantes é um procedimento arriscado, uma vez que vemos a busca da população em se vacinar. A vacina nunca foi experimental, é um procedimento que nos dá a tranquilidade de vencer o vírus, tranquilidade de saber que, vacinados, temos menos chances de ficar em estágios graves da doença. A vacina é uma proteção nas crianças e de grande importância para salvar vidas”.

Além de toda ressalva mostrada pelos números, outro ponto preocupante é o fato da Secretaria de Educação continuar desconsiderando a testagem de forma preventiva dos(as) profissionais de educação para que se evite a circulação do vírus.

 

Volta do uso de máscaras em locais públicos

O aumento no número de infectados também exigiu do GDF a volta do uso da máscara em locais públicos. A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) e corrobora com a luta do Sinpro, que sempre resistiu pela manutenção das máscaras pelo fato de achar arriscado a não utilização da peça mesmo em ambientes abertos.

Devido à alta de casos provocada pela variante Ômicron, será obrigatória a utilização do equipamento em todos os espaços públicos, inclusive em ambientes ao ar livre, vias públicas, transporte público coletivo, estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços e nas áreas de uso comum dos condomínios residenciais e comerciais.

Para o Sinpro-DF, a imunização de crianças e a volta do uso de máscaras são avanços, mas ainda é preciso lutar pela vacinação de todas as crianças de 5 a 11 anos e pelo respeito ao profissional da Educação. “A vacinação na infância é de importância vital e cientificamente comprovada. As consequências da não vacina podem ser surtos de doenças imunopreveníveis, aumento de morbidade e de mortalidade, e um crescimento da demanda nos hospitais O público de 5 a 11 anos é a grande maioria nas escolas públicas. Por isso, a segurança só está garantida nas escolas com 100% das crianças imunizadas, por isso a importância da intensificação da vacina”, finaliza a diretora do Sinpro-DF Luciana Custódio.

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