Sinpro debate diversidade racial e sexual no currículo durante Fórum Social

O terceiro dia do Fórum Social Temático (FST), realizado nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa, foi marcado pelo cancelamento e pela troca dos locais das palestras sem o aviso prévio aos participantes. Na sala José Antônio Lutzenberger, por exemplo, cerca de 40 participantes do painel Educação: Gênero, Sexismo, Homofobia, Lesbofobia, Racismo e Direitos Humanos foram surpreendidos pela ausência dos painelistas. Ninguém da organização do FST informou os motivos do cancelamento.
Mesmo sem a presença dos debatedores, um grupo de educadores de Brasília decidiu organizar a discussão sobre o tema. O encontro reuniu professores de Antropologia, Filosofia e História do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile e representantes de organizações não governamentais ligados a diversidade sexual. Eles pediram a inclusão de temas como sexualidade, racismo, homofobia e direitos humanos nos currículos das escolas públicas e privadas e das universidades, principalmente as particulares.
A diretora da Secretaria de Raça e Sexualidade do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), Elaine Amancio Ribeiro, ressaltou que não é fácil falar sobre temas como esses nas escolas. “Muitos colegas, além de desconhecerem o assunto, não aceitam debater na sala de aula”, comenta. Para Elaine, a formação do docente, tanto na universidade pública quanto particular, precisa tratar questões da raça negra, do índio, do homossexualismo e do preconceito e violência contra mulheres.
A professora Mafalda Goldamer, ligada à Associação de Mulheres Rurais Indígenas (Amamuri) do Chile, afirmou que temas relacionados à diversidade sexual são tabus nas escolas de seu país. “No Chile, a situação é grave. Os professores precisam ter o maior cuidado para abordar o tema. Caso contrário, são demitidos”, afirma.
Para Rodrigo Rodrigues, professor de História em Brasília e ligado ao Sinpro/DF, o preconceito contra negros, gays e lésbicas é resultado da falta de informação da sociedade. “O professor brasileiro não é preparado para tratar de temas como direitos das mulheres, dos negros e dos homossexuais”, lamenta. De acordo com Rodrigues, os docentes da América Latina precisam de treinamento para saber como se aproximar da cultura da diversidade.
Fonte: Jornal do Comércio/RS