Formato do ensino na EJA em multietapas é criticado por professores de Samambaia

Professores(as) da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do primeiro e segundo segmentos de escolas públicas de Samambaia criticaram, por meio de carta aberta à comunidade, problemas encontrados em todas as regionais de ensino do Distrito Federal. Dentre as queixas está no formato do ensino oferecido aos(às) estudantes. Atualmente as aulas ocorrem na modalidade multietapa (duas séries por turma), formato que prejudica sobremaneira os(as) estudantes.

Dentre as reclamações dos(as) educadores(as) está a exigência das turmas de EJA terem a quantidade mínima para permanecerem abertas, o que impede que estudantes tenham igualdade de condições de aprendizagem; o fechamento constante de turmas; política de criação de escolas polo; falta de atualização do Estatuto da EJA, que deveria ter sido revisada em 2016; a multiseriação; e a estratégia de matrícula, não discutida com o Sinpro. Além de prejudicar o ensino dos(as) alunos(as), as medidas dificultam o trabalho dos(as) profissionais de educação, além das ações serem aplicadas sem qualquer discussão com professores, alunos e comunidade escolar.  

O Grupo de Trabalho Pró Alfabetização do Fórum de Educação de Jovens e Adultos no Distrito Federal (GTPA-Fórum EJA/DF) entende que não existe, por parte da SEEDF, uma ação de forma ativa para captação de estudantes para EJA. A pandemia causou uma grande evasão escolar em todos os segmentos da educação, e esse processo foi ainda mais preocupante na EJA pelo fato de o perfil dos alunos dessa modalidade ser de trabalhadores que têm como prioridade a sobrevivência, o trabalho. Se, de fato, a SEEDF tivesse proporcionado os meios, um incentivo para que os estudantes permanecessem, não haveria uma evasão tão exacerbada de alunos e, consequentemente, não haveria necessidade de (nem desculpas para) realizar a multisseriação.

Para o Sinpro, fica evidente que a “estratégia” do governo é dificultar para inviabilizar e, assim, aumentar ainda mais a evasão escolar dos jovens e adultos. Turmas que precisariam estar espalhadas por diversas áreas do DF estão concentradas – e nos locais errados. “O problema das turmas multisseriadas é a dispersão de temas. Os estudantes têm formação e conhecimentos diferentes, logo a demanda por estudos é diferente. Juntar uma turma heterogênea para ministrar conteúdos de diversos anos do ensino fundamental é contraproducente e, em muitos casos, desestimulante, ainda mais se levarmos em consideração que o primeiro segmento é o que cuida da alfabetização dessas pessoas”, analisa o diretor do Sinpro Cláudio Antunes, que também lembra: “turma multisseriada é recurso utilizado no interior do país, ou em rincões com população pequena, onde não há professor disponível ou o número de estudantes é reduzido. Não é política a ser adotada pela Capital da República”.

 

Estratégia de matrícula

No início do ano, o Governo do Distrito Federal decidiu ampliar em até 60% o número de estudantes por turma na rede pública de ensino. A determinação, feita sem qualquer diálogo com o Sinpro-DF e com o conjunto da categoria, está na Estratégia de Matrícula para a Rede Pública de Ensino do DF para 2022.

Além de desconsiderar as informações daqueles(as) que conhecem a fundo a situação das salas de aula e as necessidades existentes na rede pública de ensino, o governo, ao impor uma estratégia de matrícula que não soluciona os problemas, prejudica a busca por uma educação pública de qualidade, ponto que defendemos e buscamos diariamente.

Um dos problemas mais críticos para a rede pública é a superlotação das salas de aula. No início do ano a Comissão de Negociação do Sinpro-DF reforçou que a Estratégia de Matrícula 2022 representa um retrocesso de mais de uma década, já que foi feita unilateralmente pelo governo, considerando apenas a uma lógica matemática que está totalmente desatrelada do viés pedagógico. “A Secretaria de Educação desrespeita os profissionais e a educação quando implementa este modelo de EJA como multietapas, modelo este que exclui o aluno e tira dele a oportunidade de ter a educação que não teve em outros momentos. O Sinpro repudia essa política adotada pela SEE, sem diálogo com a categoria de professores e com a comunidade escolar. Este modelo de educação não condiciona ao aluno o direito de ter uma educação libertadora, emancipadora e que dê condições de alcançar os objetivos educacionais previstos por eles e os sonhos que todos tem de estar estudando na EJA”, ressalta o diretor do Sinpro, Carlos Maciel.

Clique aqui e confira a carta dos professores de Samambaia. 

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