Feira do CED 16 de Ceilândia promove a cidadania e reforça a importância da EJA

Já tradicional no calendário escolar do CED 16 de Ceilândia, entre os dias 24 e 26 de outubro ocorreu a Feira Cultural dos alunos da EJA. Organizada desde 2010 (não ocorreu apenas durante a pandemia), é uma demanda do corpo docente e discente, porque é um espaço para que o(a) aluno(a) possa desempenhar e mostrar suas habilidades, fugindo das aulas tradicionais, não importando se ele(a) está à frente do palco, ou nos bastidores.

“Ele abre espaço para que os alunos possam ser protagonistas e construtores do conhecimento. Eles são instigados a fazer a pesquisa, a buscar outras formas de se apresentar (porque a única restrição que nós fazemos são os seminários repetitivos e chatos), a gente desafia os estudantes a apresentar o tema com teatro, com jogral, com vídeo, encenação, testemunho e eles são extremamente criativos e nos surpreende bastante. Mesmo quem não se envolve diretamente, tem a galera da coxia, que está trabalhando, a gente abre espaço para a diversidade, nem todo aluno gosta de ir à frente falar, mas ele pode ser o ponto de apoio em relação à pesquisa, produção de material, cada um tem seu espaço, tem seu talento valorizado e respeitado. A gente vê que na EJA os alunos quando desafiados para mostrarem seus talentos, eles se alegram”, diz Wellington Nascimento dos Santos, coordenador da escola.

O envolvimento foi de cerca de 90% dos estudantes. Neste ano, o tema foi a mulher, “em virtude da crescente violência contra as mulheres, que são diuturnamente violentadas, agredidas, sofrendo maus-tratos. A escalada da violência  nesses últimos 5 anos no Distrito Federal foi exorbitante e acendeu este alerta em nós”, disse Wellington.

Para ele, o maior retorno deste projeto para escola é a valorização do(a) aluno(a) enquanto pessoa. “Nós tivemos nesta última edição da feira, muitos testemunhos, algumas alunas vieram procurar a direção para falar dos seus problemas familiares, até foi proposto pra escola abrir um espaço de acolhimento, de escuta ativa, onde o aluno(a) possa nos procurar e a gente vai buscar os meios legais de encaminhamento e de dar uma solução e um espaço para que os alunos possam ser ouvidos”, afirma.

Outra conquista é a permanência dos estudantes na EJA em um momento tão desfavorável. “Este projeto me emocionou bastante, me fez chorar em vários momentos nas apresentações, porque nós temos um governo que tem trabalhado diuturnamente para destruir a EJA, porque ele não vê com bons olhos os alunos da EJA serem escolarizados, orientados, tendo uma possibilidade de ascensão social. Para o GDF, o conjunto da EJA é só mais um número e incomoda, pelo governador que nós temos agora no DF, então diante disso, a gente consegue mostrar para a sociedade o valor da EJA, a importância do aluno, com testemunhos maravilhosos”, diz Wellington.

Foi realizada uma avaliação no início do ano e a coordenação da escola constatou que há um crescimento, um desenvolvimento escolar dos alunos desde que começam no segundo segmento da EJA até sair do terceiro segmento (ambos oferecidos no CED 16). O coordenador não tem dúvidas de que este projeto tem papel nesta construção.

E na construção por um país melhor, a EJA cumpre um papel importantíssimo para a sociedade. “A EJA só pode deixar de existir quando o nosso país se tornar um país justo, que dá oportunidade a todos e que todos possam ter a escolarização na idade certa. Enquanto isso não acontece, a gente tem uma demanda muito grande de pessoas que não sabem, ou não têm conhecimento das escolas que estão abertas à noite e que podem acolhê-las e dar oportunidade de continuidade dos estudos e da realização do sonho de ter um diploma, da realização pessoal, de galgar dias melhores para elas”, finaliza.

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