Exposição traz instalações de artista brasiliense a partir da experiência em sala de aula
O público de Brasília tem até esse domingo (24) para conferir a mostra com instalações inéditas e interativas do artista brasiliense Luiz Olivieri a partir da experiência em sala de aula, na vivência com os(as) alunos(as) da educação básica e no trabalho em rede. A mostra Extraclasse, em exibição na Galeria 4 do Centro Cultural Banco do Brasil, já recebeu mais de 16 grupos de estudantes universitários de Brasília e de Goiânia, além de alunos(as) do ensino fundamental do Distrito Federal.
Com curadoria de Renata Azambuja, as cinco obras inéditas, sendo uma criada em colaboração com alunos do artista, são parte do projeto de pesquisa de Olivieri, que estabelece interseções entre o som e a palavra-texto com os componentes do sistema educacional brasileiro – o ambiente escolar, alunos, professores e currículos acadêmicos -. Cada obra tem uma forma específica de interação com o público. A visitação é de terça a domingo, das 9h às 20h30. A classificação é livre para todos os públicos e a entrada é gratuita com retirada de ingressos na Bilheteria do CCBB Brasília e pelo site bb.com.br/cultura.
Professor e artista sonoro-visual, Luiz Olivieri materializa a experiência da sala de aula e a interação com os alunos nas instalações sonoras e objetos presentes na exposição. Olivieri se propôs a ouvir os sons escolares em suas diferentes materialidades: conversas, conteúdos, ruídos, músicas, cacofonias, linhas cruzadas da linguagem e utopias. “Ouvir os sons da escola também significou ser atravessado pelos sons dos ambientes de vivência pessoal das alunas e dos alunos e demais membros da comunidade escolar. A exposição é resultado desses processos, da interação corporal e da vivência humana dos espaços, e apresenta a escola como um espaço acústico e plurissonoro”, afirma a curadora.
Historiadora da arte e professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Renata Azambuja explica que explorar o som como forma de manifestação artística não é ação exclusiva do campo das Artes Visuais. “É uma vertente artística própria, que é comumente denominada de Arte Sonora, onde o som é acompanhado de variáveis como o tempo e o espaço, em diálogo com aparatos tecnológicos que Olivieri, sendo também um artista visual, constrói para dar corpo e uma nova sonoridade que se origina de sua escuta fina”.
Para a mostra, que já recebeu visitas organizadas pela produção da mostra de mais de 320 alunos da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal de Goiás (UFG) e estudantes da rede de ensino público do Distrito Federal, Olivieri utilizou materiais presentes no ambiente escolar como carteiras, lousas, projetor e a palavra escrita. A série Extraclasse, obra que empresta o nome para a exposição, é fruto de um exercício proposto a 12 alunos do ensino médio para que escrevessem listas de sons presentes em suas casas por um período de 48 horas. Dessa experiência, surgiram relatos sonoros (paisagens sonoras) que impressionam pela poesia cotidiana. “Este trabalho fala de uma outra relação entre professores e alunos, sobre a criação de redes entre pessoas para se ouvir mais”, ressalta Olivieri. “Esta é uma obra coletiva sob todos os aspectos, por isso, o meu cachê foi dividido entre os alunos. E no caso da venda da série, o valor será dividido entre as autoras e autores”, explica.
Em Cacofonias, o artista utiliza carteiras escolares, com frequências sonoras gravadas a laser em seus tampos, que são lidas em tempo real por uma agulha de toca-discos de vinil. Topofonia é uma instalação inspirada em uma sala de aula com diversas pranchetas de carteiras escolares e alto-falantes embutidos, posicionados em alturas diferentes que emitem sons à medida em que são atravessados por um leitor óptico. Em Lousa, enunciados e sentenças escutadas em diversas situações pelo artista são reproduzidas textualmente sobre um quadro verde. As palavras na obra são repetidas inúmeras vezes e se misturam e criam uma mancha visual que beira a ilegibilidade.
Eletrocardiograma, uma videoinstalação, “fala sobre o coração da educação”. Nele, o artista reuniu micro e macro dados da educação no Brasil, desde 1988, quando foi aprovada a mais recente Constituição brasileira. “Sonifiquei 12 macro e microdados da educação brasileira desde a aprovação da Constituição de 1988. Os seis macrodados são curvas desde a redemocratização brasileira até 2020. Tive que fazer um levantamento para construir as curvas desses 32 anos. O dinheiro mudou, as bases de dados não têm a curva completa. Pesquisei em várias fontes, todas presentes nos créditos finais do vídeo. Os seis microdados são percepções minhas, como professor-artista, em 32 semanas de um ano letivo. Nele constam coisas que não entram nas macroestatísticas, mas estão diretamente relacionadas: O tamanho da fila da cantina em função do cardápio, o conteúdo indígena na escola, a quantidade de vezes que me emocionei com os meus alunos”, revela. “Os microdados muitas vezes não se tornam evidentes, pois são difíceis de serem mensurados. Porém, referem-se a micro espaço de sutilezas onde se dá o processo de ensino e aprendizagem”, completa.
Serviço:
Extraclasse – PRORROGADA
De Luiz Olivieri
Instalações sonoras
Galeria 4 do CCBB Brasília
Curadoria | Renata Azambuja
Visitação | até 24 de abril
De terça a domingo, das 9h às 20h30
Classificação indicativa | Livre para todos os públicos
Entrada | Gratuita
Ingressos | Na bilheteria do CCBB
No site do CCBB bb.com.br/cultura
Localização| SCES, Trecho 2, Lote 22, Brasília, DF