Evento antirracista no CILC Ceilândia celebra mês da consciência negra

No último dia 18 de novembro, o Centro Interescolar de Línguas de Ceilândia (CILC) de Ceilândia também fez seu evento de celebração do mês da consciência negra. O evento foi realizado na escola de línguas a partir de sugestão da professora Amanda de Paula Alves, ainda na semana de coordenação pedagógica.

“Nos preparamos para este evento a partir de uma coordenação pedagógica coletiva, e organizamos inclusive uma palestra da EAPE sobre o tema”, conta Amanda.

O evento foi aberto à comunidade, e contou com rodas de conversas, oficinas e apresentações de dança e de música.

“Trabalhei com minhas turmas de 6º ano a série afrofuturista Kizazi Moto, da Disney, que conta a história da África, e discutimos questões de racismo no esporte, como os fatos ocorridos com o jogador de futebol Vinicius Junior, que joga no Valencia, time espanhol”, conta Amanda.

A professora também trabalhou em sala de aula a letra da música “que quede claro”, do grupo de hip hop cubano Orishas. A música, que foi tema de uma questão do Enem deste ano, retrata um caso de racismo ocorrido no metrô de Barcelona contra uma mulher negra equatoriana. “A partir dessa letra, fizemos um mural com rostos de personalidades negras aplicando a técnica pontilhada, muito usada pelo artista plástico dominicano (e negro) Cándido Bidó”, explica a professora, que trabalhou ainda, com sua turma, biografias de personalidades negras.

Antes da culminância do projeto, houve também um ensaio fotográfico, em outubro, denominado Cresp@s e Cachead@s, originalmente realizado no CEM 02 de Ceilândia e que foi levado para o CILC. O ensaio visa ao empoderamento da comunidade negra e da exaltação do cabelo crespo e cacheado.

Houve também oficina de charme, com o Periféricos no Topo, oficina de arte negra com a artista Lara Sales, Oficina de turbantes com a Professora Joana Darc e a professora Waneska Gomes, oficina de tranças com a professora Samara Melo.

O evento antirracista do dia 18 contou com a participação de vários ativistas (muitos ex-alunos da escola). Houve apresentações de batalha de rima, oficina de bonecas abayomi (técnica desenvolvida pela artesã Lena Martins na década de 1980, no Rio de Janeiro), oficina de maquiagem e bijuterias. Também teve oficina de Fit Hit, nova modalidade de dança/exercício em Brasília, cujo criador é o Professor Patrício Figueiredo.   A convidada a executar a oficina foi a professora e personal trainer Lene Launé.

Houve rodas de conversas com convidados realizadas em português, inglês, francês e espanhol. Como convidados para essas rodas de conversa, a jornalista da CNN Basília Rodrigues, o rapper X do grupo Câmbio Negro, a professora Daniela Pessoa, e os professores do IFB Francisco e Marcos, que fizeram rodas de conversa em inglês e em espanhol, respectivamente.

A roda de conversa em francês foi com o dono da empresa Afrikanus, René Mapouna, que comercializa moda africana. Ele é professor de francês e falou sobre o lado desconhecido do continente africano.

O evento se encerrou com um show de talentos dos próprios estudantes do CILC Ceilândia.

A professora Amanda conta que foi um grande desafio preparar um evento antirracista dentro de um Centro de Línguas:

“Ainda que a educação antirracista seja lei, vemos as instituições com muita dificuldade de trabalhar o tema, não só no mês da consciência negra, como também ao longo do ano. O debate está mais distante dos centros de línguas, por serem centros voltados ao ensino de línguas, mas acho que demos conta do desafio”, explica.

 

Clique AQUI e acesse o álbum de fotos