Escola na Bahia troca nome de ditador por de guerrilheiro
Inaugurado em 1972 e batizado com o nome do presidente do Brasil à época, o Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Salvador, terá agora o nome de Colégio Estadual Carlos Marighella. O guerrilheiro “disputou” com o geógrafo Milton Santos, também negro e baiano, uma eleição organizada por professores, pais de alunos, diretores e estudantes.
Ao todo foram 406 votos para Marighella, 128 para Santos – exilado durante o governo Médici – 25 nulos e 27 brancos. O resultado segue para a Secretaria de Educação da Bahia acompanhado de um pedido de cerimônia de reinauguração da escola.
Médici, que ocupava a Presidência da República sem ter recebido um voto, governou o Brasil entre 1969 e 1974, um dos períodos mais sangrentos da ditadura militar. O guerrilheiro e comunista baiano Carlos Marighella, considerado “inimigo número 1 da República” e ferrenho opositor do regime, foi assassinado durante o governo de Médici.
Desarmado, Marighella foi morto por 29 homens. Posteriormente, a União reconheceu que ele poderia ter sido capturado vivo e pediu perdão à sua família. A ditadura militar brasileira, que durou de 1964 até 1985, matou ao menos 400 oposicionistas, e acumula inúmeros casos de tortura. Até o presente momento, centenas ou milhares de lugares públicos, ruas e prédios oficiais continuam com nomes de ditadores e torturadores.
A diretora do colégio afirmou ao Blog do Mário Magalhães que a origem do movimento que levou à mudança do nome veio de uma exposição chamada “A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar”, baseado na biografia de Marighella, escrita por Magalhães.
“[Manter estes nomes] Seria como eternizar na Alemanha reverências do tempo do nazismo ou, na Argentina, da ditadura 1976-83. Mas não existe escola berlinense Adolf Hitler ou praça portenha Jorge Rafael Videla, o ditador que principiou o ciclo genocida. Tiranos e açougueiros do passado não devem servir de exemplo aos jovens”, afirmou o jornalista.
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