Escola militar em Porto Velho (RO) afasta professores por comparecer a uma assembleia de sua categoria

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), entidade representativa dos/as professores/as e funcionários/as de escolas da educação básica do setor público brasileiro, toma conhecimento, de forma estarrecida, do afastamento de professores/as de uma escola militar em Porto Velho simplesmente porque eles/as decidiram participar de uma assembleia da categoria convocada por seu sindicato. Trata-se do Colégio Tiradentes da Polícia Militar que, apesar de ser uma instituição militar, conta em seus quadros com professores civis da rede regular de ensino.

O ato tresloucado e autoritário partiu do diretor geral da instituição, conhecido como Capitão Pires. Os profissionais afastados recorreram ao sindicato porque mantêm vínculos de anos com a instituição e, diante da arbitrariedade de um gestor que nada entende de educação porque não sabe conviver com a democracia, decidiram enfrentar a situação. Muitos dos afastados já não têm mais interesse em voltar à escola; outros que sequer participaram da assembleia de sua categoria pediram afastamento em solidariedade aos seus companheiros afastados. O resultado do autoritarismo do gestor criou um problema para ele mesmo, que desestruturou o quadro funcional da escola, mas, sobretudo, o seu ato afeta a sociedade de Porto Velho e, em especial, aquela comunidade escolar.

Questionamos ao diretor-capitão, inimigo da educação e da democracia, qual o problema dos/as professores/as de sua instituição participarem de uma assembleia de sua categoria para discutir temas de seus interesses? O que assuntos como atualização do Piso Salarial Nacional do Magistério e FUNDEB permanente, pauta da assembleia geral, ameaçam a sua autoridade? Trata-se, na verdade, e não temos dúvidas disso, de um gestor despreparado e, no afã de seu autoritarismo, tem um enorme medo da atuação sindical.

A CNTE não se calará diante de mais um arbítrio que se verifica nos dias de hoje. Sabemos que os exemplos do Capitão Pires vêm de cima. Seus atos são respaldados, em grande medida, porque vivemos atualmente no Brasil um período de absoluto descaso com a própria democracia. Se os/as trabalhadores/as brasileiros/as não se calaram sequer quando tivemos no país um regime explicitamente ditatorial, como na época dos governos militares (1964-1985), não será agora que nos calaremos, com esse governo que apenas tenta manter o verniz da democracia, tão cambaleada nos tempos que vivemos. Sabemos que essa atitude do Capitão Pires é mais uma peça no enorme mosaico que, a cada dia, deixa mais evidente a nossa democracia mitigada. E por isso a denunciamos!

Os/as educadores/as brasileiros/as repudiam, dessa forma, a ação tirana do gestor do Colégio Tiradentes e vai solicitar uma intervenção do Ministério Público Estadual sobre o ocorrido. Queremos saber se o direito à manifestação política ainda está em vigor em nosso país. Também repercutiremos esse fato nas instâncias internacionais que temos inserção, de modo que isso também reverbere internacionalmente.

Brasília, 21 de fevereiro de 2020

Direção Executiva da CNTE