ESCOLA MENINOS E MENINAS DO PARQUE EXISTE E RESISTE HÁ 29 ANOS

Ela é referência nacional na educação de crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade social. A Escola Meninos e Meninas do Parque completou, no último dia 18 de abril, 29 anos de existência e resistência.

O nome da escola vem do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, e batiza a escola pensada para acolher crianças e jovens em situação de rua que, naquele ano de 1995, viviam embaixo da marquise da Rodoviária do Plano Piloto. A primeira gestora, Palmira Eugênia, lutou muito para que a escola fosse instalada no Parque da Cidade – onde está até hoje.

“Eram crianças e jovens que precisavam da escola: artistas potenciais, que sobreviviam de apresentações circenses nos sinais das redondezas, mas não sabiam contar o dinheiro que recebiam”, recorda-se a atual diretora, Amélia Cristina Araripe, a Amelinha.

A Escola é denominada de Natureza Especial e, além do conhecimento formal, auxilia em procedimentos como encaminhamento médico e odontológico, além de providenciar documentações quando necessário.

Atualmente, a escola atende, no turno da manhã, crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade – a maioria oriunda de Ocupações Urbanas. À tarde, recebe jovens, adultos e idosos, na Modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) – a maioria em situação de rua. “Aqui, eles e elas são acolhidos(as), respeitados(as) e têm nesta escola seu espaço de pertencimento”, orgulha-se Amelinha.

Por acolhida e pertencimento, entenda-se receber pessoas extremamente vulneráveis, em situação de rua, com um kit banho (com toalha e sabonete). A escola é, também, o lugar onde eles e elas têm direito, além do banho, a troca de roupas, almoço e lanche.

“Tivemos que abrir turmas de todos os segmentos da Educação de Jovens e Adultos, pois descobrimos que quem concluía o Ensino Fundamental aqui na escola acabava se evadindo por não conseguir se adaptar a outra escola”, conta Amelinha, que faz questão de demonstrar todo o orgulho que tem de seus alunos e suas alunas: “Temos aqui na Escola Meninos e Meninas do Parque todos os segmentos da Educação de Jovens e Adultos. Oferecemos também o terceiro segmento da EJA, que é equivalente ao Ensino Médio, sempre adaptado às realidades e particularidades de cada um deles(as). Queremos que todos e todas sejam protagonistas de suas vidas, e cheguem à Universidade, para levar o conhecimento e a vivência que eles já têm de sobra, e não deve ser descartados. Acreditamos na educação humanizada e emancipatória, e ver e acompanhar o crescimento pessoal e as conquistas de quem passa por esta escola nos deixa bem felizes. Muitos(as) chegam aqui sem acreditar no próprio potencial, mas a gente mostra que eles(elas) são capazes, sim!”

“A Escola dos Meninos e Meninas do Parque é de natureza especial, mas trabalha verdadeiramente com o nosso currículo numa educação humanizada. Para além do acolhimento às pessoas vulneráveis, existe todo um trabalho curricular e pedagógico que evidencia o que essas pessoas têm de melhor. Ela passa longe de ser um depósito de jovens e adultos, pois realiza todo um trabalho de transformar pessoas vulneráveis em cidadãos e cidadãs”, explica a diretora do Sinpro Regina Célia.

A escola solicita doações de toalhas e roupas usadas para promover seu bazar: “Nosso projeto pedagógico inclui troca de horas de estudo por itens de higiene e vestuário. Quanto mais horas de estudo a pessoa tiver aqui na escola, mais itens de higiene e vestuário terá direito a pegar no bazar”, explica Amelinha.

Vida longa à Escola dos Meninos e Meninas do Parque!

Confira, no link abaixo, o álbum com as fotos da vfesta dos 29 anos da Escola

Álbum