ESCOLA BOA NO GOVERNO BOLSONARO, SÓ PARA FILHO DE MILITAR
A Fiesp ofereceu o presente e o presidente Jair Bolsonaro já agradeceu: a entidade bancará projetos básico e executivo do 14º Colégio Militar do país, em São Paulo. A nova escola promete ser grandiosa e ocupar uma área equivalente a cinco campos de futebol na Zona Norte de São Paulo, atendendo a pelo menos 1.000 alunos.
Como a iniciativa é ambiciosa e a construção demorada, provisoriamente 90 alunos começam já a ser atendidos nas instalações do Exército da capital paulista, a partir de fevereiro. Não faltou dinheiro para contratar professores, fazer reformas emergenciais no imóvel, licitar a aquisição de estandarte e também de letreiro da unidade.
A Fiesp vai dar uma boa mãozinha (especialistas estimaram custo com projetos de até R$ 900 mil ), mas a nova escola será construída com recursos do Ministério da Defesa, cuja área educacional celebra um 2019 livre de cortes e, ainda, como símbolo de excelência.

Seria uma conquista de todos, não fosse por um detalhe: no colégio militar, só existe vaga garantida para quem nasce em berço verde-oliva. Melhor dizendo, os filhos e filhas de militar de carreira do Exército, sejam da ativa ou da reserva. De 12.500 alunos atualmente matriculados nas unidades pelo país, 82% se enquadram nessa categoria — as vagas que sobram são preenchidas após disputado processo seletivo, onde todos podem participar.
A nova escola chega no mesmo momento em que a Capes — organismo do Ministério da Educação responsável pelo aperfeiçoamento do ensino no país — destaca em sua página web, como se fosse notícia boa, a informação de que nenhuma nova bolsa de estudo será concedida neste ano. E que estão oficialmente congeladas quase 6 mil bolsas. Se projetados os quatro anos de duração delas, são R$ 544 milhões a menos no orçamento da Educação, comemora o ministério.
É normal ver governos celebrarem eficiência administrativa decorrente de redução no cafezinho da repartição, desconto no preço final de uma obra ou redução da propaganda oficial. O que não é normal é tratar corte em bolsa de professor como economia útil ao país. Nos novos tempos, se você pensa em garantir educação de qualidade para os filhos e é brasileiro nato, corra que dá tempo de ingressar na carreira militar. Homem tem de ter 1,60 metro de altura; mulher, 1,55.