EP210 Norte e a Revoada de Pipas

O que é, o que é? Um objeto que, ao longo da história da Humanidade, já serviu de oferenda aos deuses e também como instrumento de importantes descobertas científicas. Muitos acham que é um brinquedo inofensivo, por vezes perigoso, mas todos descreverão esse objeto como leve, bonito, colorido e flutuante. Na rede pública do Distrito Federal, já foi usado como ferramenta para auxílio de alfabetização, e há 29 anos é tema do mais aguardado evento escolar da Escola Parque 210 Norte, que ocorre sempre no mês de agosto.

Estamos falando da estrela máxima da Revoada de Pipas, evento realizado há 29 anos pela Escola Classe da 210 Norte, no Plano Piloto.

A pipa é o grande xodó do diretor da escola, professor Augusto Magno. Antes da Escola Parque, ele usou o brinquedo como instrumento facilitador da alfabetização dos internos do Centro de Atendimento Juvenil Especializado, o Caje, há 32 anos. Também no Caje, Augusto fez uma oficina de pipas. “Foi uma experiência muito gratificante, porque pra montar uma pipa é preciso muita paciência e concentração. O material da pipa é delicado, tem que ser manuseado com muito cuidado. E as crianças têm esse cuidado. É o trabalho perfeito para acalmar pessoas agitadas”. Em 1991, os internos do Caje soltaram suas pipas no chamado Quadradão Azul.

Na Escola Parque da 210 Norte o enfoque mudou, mas as habilidades e competências da montagem de uma pipa estão todas lá: concentração, cuidado, paciência para o desenvolvimento de habilidades motoras.

 

Revoada de pipas

O evento mais aguardado da escola ocorre sempre no mês de agosto para aproveitar o vento forte dessa época do ano. As crianças chegam à escola num sábado, acompanhadas por algum adulto ou alguém um pouquinho mais velho. Tem pai, tem mãe, avô, avó, irmão, irmã, até namorado da irmã já acompanhou as crianças. Tomam um café especial, recebem um “kit pipa” com vareta, cola, tesoura, papel seda colorido e a rabiola. Sentam-se juntos(as), montam a pipa e, no final do evento, vão pro pátio soltar pipa juntos(as).

“É um dia leve, feliz e alegre, com música e muita brincadeira. Na hora da revoada, os vizinhos se encantam com o tanto de pipa no céu, descem dos prédios e vêm ver o baile. A comunidade escolar se integra e participa com prazer da festa”, conta a professora de artes Maira Miranda.

Desde 2017, participam do evento outras escolas das redondezas, que fazem parte da rede integradora de Educação em tempo integral desde 2017: Escola Classe Aspalha, Escola Classe 411 Norte, Escola Classe 405 Norte e Escola Classe Regimento de Cavalaria e Guarda (RCG).

O planejamento da Revoada começa bem antes: “na Semana Pedagógica planejamos as atividades, a logística do evento e a organização de todas as atividades desenvolvidas em sala de aula que integram o processo. Sempre conseguimos música e dança para compor o dia da Revoada. Este ano, trouxemos a Escola de Samba Acadêmicos da Asa Norte”, conta o vice-diretor Leandro Santos, que trabalha na escola há 10 anos e há 6 participa do evento.

Este ano, depois da Revoada a Escola Parque ainda ganhou uma exposição com a história das pipas no mundo e no Brasil também.

“O que mais se vê hoje em dia é criança no celular. Aqui a gente faz os pequeninos trabalharem com os pais, que curtem esse momento junto com os filhos. Ver todas as crianças interagindo de forma ‘analógica e real’ entre si e com os adultos é um dos momentos que fazem valer a pena o nosso trabalho”, conta o professor Augusto, com os olhos brilhando.

Em 2024, a Escola Classe 210 Norte fará sua trigésima Revoada de Pipas. Será a Revoada que marcará a aposentadoria do professor Augusto. Mas a pipa sempre fará parte da vida e da história desse professor.

O diretor do Sinpro Hamilton Caiana é só elogios ao trabalho da Escola Parque 210 Norte: “a revoada de pipas é um dos projetos pedagógicos mais completos que eu já vi. Trabalha a interdisciplinaridade, com vários componentes curriculares combinando, e ainda promove de maneira natural, leve e agradável a integração entre pais, alunos, corpo docente e toda a comunidade escolar e até mesmo a vizinhança.”

No Facebook do Sinpro, o álbum da exposição pós-revoada

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