Entidades civis e sociais lançam Frente em Defesa do Serviço Público

O combate a todo e qualquer tipo de ataque ao serviço público uniu entidades civis, sindicais, sociais, populares, religiosas e movimentos ligados aos direitos humanos durante a noite desta segunda-feira (04). Foi com este sentimento que 21 entidades (4 mandatos parlamentares, 1 movimento popular em defesa do SUS, a CUT e 15 sindicatos do setor público) participaram do lançamento da Frente em Defesa do Serviço Público, na sede do Sinpro-DF.
A Frente foi criada devido a constantes ataques sofridos pelos serviços e servidores públicos, grupo essencial para que políticas públicas como saúde, educação, segurança, cultura, assistência social, mobilidade urbana e moradia sejam desenvolvidas. Para a diretora do Sinpro Rosilene Corrêa, infelizmente a iniciativa para a criação da Frente vem em um cenário totalmente adverso e negativo para o funcionalismo público e para a população em geral.
“Precisamos chamar a atenção das pessoas e da sociedade para tudo que está em jogo. A população, que utiliza o serviço público diariamente, tem sentido na pele todo o desmando do GDF, que não respeita e prioriza este serviço. Assim, o cidadão percebe uma realidade cada vez pior e serviços deficitários”, lamenta a diretora, complementando que o país está assistindo ao desmonte do Estado e é dever de todos nós mostrar tudo isto à população. “Muitos acham que pelo fato de serviços públicos como o de saúde, segurança e educação serem gratuitos, a população não deve reclamar. Mas devemos, sim. E a Frente tem este papel, que é de mostrar o modelo de gestão que queremos: de um Estado forte e comprometido com a população”.
A falta de debate do governo do Distrito Federal com a população foi outro ponto lembrado e criticado. Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunais de Contas do Distrito Federal (Sindireta), Ibrahim Yusef, o GDF erra no momento que não conversa com a classe trabalhadora e com os sindicatos. “A política utilizada pelo GDF é de retirada de direitos e de desrespeito. O que nos resta é nos unir e lutar por um serviço público cada vez melhor e acessível ao brasiliense”.
O presidente da CUT Brasília, Rodrigo Brito, salientou sobre os ataques sofridos pela classe trabalhadora, um deles configurado com a reforma trabalhista. Além de trazer uma série de prejuízos e perdas aos servidores, argumenta o sindicalista, compromete diretamente a qualidade de vida da população e do comércio local, uma vez que a principal fonte de arrecadação do Distrito Federal é a renda dos servidores públicos. “Diante do cenário político que vivenciamos, não é somente o emprego e o crescimento econômico que está em jogo, mas tudo o que conquistamos e aprimoramos nos últimos anos com a Constituição Federal de 1988 e com as políticas de inclusão social”.
O GDF conta hoje com cerca de 140 mil funcionários públicos, grupo que fortalece grandemente a economia local. A renda vinda destes trabalhadores ajuda a gerar emprego e crescimento à cidade com a injeção de recursos no sistema produtivo e de consumo. No entanto, a diminuição no consumo causada pela recessão em curso e pelo desmonte do Estado reflete no comércio e também na redução da arrecadação do governo local, fato que comprometerá a prestação de serviços ao público e no aumento do desemprego.
Uma comissão formada pelas entidades que fazem parte da Frente foi montada para definir os próximos passos da Frente. Uma nova reunião foi marcada para o dia 12 de setembro, com a Comissão de Articulação, onde serão debatidos os locais de atuação e forma como será feito o trabalho de conscientização.
Nesta terça-feira (05), todos estarão na Câmara Legislativa do DF contra o Projeto de Lei Complementar (PLC) 122/2017. Além disto, farão um trabalho de articulação junto a arquidiocese, Direitos Humanos, empresários, outros parlamentares, sobretudo nas bases da sociedade.


Fotos: Deva Garcia