Enem: uma política de inclusão social e respeito à Constituição
Desde que foi criado, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem se colocado como um fator de melhoria da qualidade do ensino médio e mecanismo de democratização do acesso à educação superior a milhares de jovens das escolas públicas do Brasil. Com a falha encontrada na prova realizada em novembro, vários setores da imprensa e até mesmo do Congresso têm cogitado acabar com o Exame, esquecendo ou fechando os olhos para todas as benfeitorias oferecidas por ele. É importante salientar que os benefícios do Enem para milhares de estudantes são notórios, principalmente pelo fato de oferecer a estes alunos uma oportunidade de ingresso no ensino superior aproveitando as notas obtidas no período escolar. O fim deste mecanismo significaria o prejuízo para jovens e para a própria educação.
Precisamos analisar que o Exame é tão grande que a inexistência de falhas no conteúdo e na forma é praticamente impossível. Outro ponto é que o Enem tem limites precisos, que não é o de substituir a avaliação que todas as escolas públicas e privadas devem realizar no processo dos três ou quatro anos do ensino médio, o que não se constitui em critério único e obrigatório de acesso aos cursos superiores, mas uma ferramenta importante para os estudantes. Mesmo com o Enem continua a vigorar a autonomia universitária para definir os processos seletivos e as políticas afirmativas, além das normas originais que calibram os resultados em centenas de instituições.
Porém, o ponto mais importante a ser salientado é a oportunidade que o Exame dá a alunos do ensino público de competirem de forma igualitária com os demais por uma vaga nas universidades públicas e privadas do país. A partir do momento que o Enem passou a ser considerado como forma de acesso ao PROUNI e a cursos superiores, os estudantes, antes apáticos e interessados somente em “passar” o tempo para o ingresso no mundo do trabalho, agora se sentem desafiados e motivados a estudar e se preparar para a chance que o Exame proporciona. O Enem, mais do que uma avaliação do ensino médio, é uma grande política de inclusão social e tem tudo para se transformar a transição da loteria dos vestibulares para a realização do preceito constitucional que trata a educação superior como direito de todos, mediante a capacidade de cada um.