Empresa privada deixa Amapá sem energia e mais de 120 mil estudantes sem aulas remotas
“Essa privatização mostra a má-fé e a mentira do governo Ibaneis e do governo Bolsonaro de dizerem que a empresa pública só dá prejuízo. O Faturamento anual da CEB, em 2019, foi R$ 4,4 bilhões. Sua eficiência tem se revelado, anual e sucessivamente, por meio dos resultados de excelência. O lucro da empresa, em 2017, foi de R$ 41,9 milhões; em 2016, foi R$ 50,2 milhões; em 2015, R$ 36,5 milhões. E quer vender por apenas R$ 1,4 bilhão”, afirma João Carlos Dias, dirigente do Stiu-DF.
Ikaro Chaves, engenheiro eletricista da Eletronorte e diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), afirma que o destino do Distrito Federal, com a privatização da CEB é semelhante ao do Amapá. Ele explica que essa linha da Isolux “é a única que fornece energia ao Amapá. Se ficar sem essa linha, o estado fica isolado. Foi construída e é operada pela Isolux, uma empresa privada espanhola que ganhou um leilão ao apresentar o menor preço para fazer esse trecho”.
Ele diz que uma apuração preliminar apontou que, além de destruir o transformador em operação, o fogo atingiu outro transformador que estava próximo ao que pegou fogo. Havia também um terceiro transformador, mas já estava quebrado e sem condições de uso. Nesta segunda-feira (9), geradores a óleo diesel foram acionados para que não faltasse luz em hospitais e unidades de saúde, mas não impediu que serviços essenciais, como o Hospital da Mulher Mãe Luzia, única maternidade pública do Amapá, tivessem problemas para funcionar.
Além da educação e da saúde, o apagão que já dura uma semana sem nenhuma perspectiva de religação, afeta também a segurança pública. O site de notícias Mídia Ninja informa que o governo estadual apresentou um cronograma de racionamento, mas moradores afirmam não ser real. Nas periferias o problema é o pior que se pode imaginar: completamente sem luz e, sem água, decorrente da falta de luz. O fato é que desde o dia 3/11, 13 municípios estão completamente afetados pela irresponsabilidade da empresa privada e estão no apagão.
Privatização é sinônimo de serviços ruins e preços altos
O site do Mídia Ninja no Facebook tem recebido comentários de leitores e, um deles, observou claramente o que significa o problema da privataria neoliberal que começou no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), nos anos 1990, e prossegue agora, no governo Jair Bolsonaro: “Privatizaram a Vale e o resultado, dentre outros, foi Brumadinho e Mariana e a morte do Rio Doce, em Minas Gerais. Privatizaram a telefonia e o resultado são milhões de reclamações no Procon, serviços ruins e contas caras. Privatizaram o transporte e a tarifa é desumana. A saúde está sendo privatizada por dentro e o resultado é a tragédia anunciada da Covid-19 matando centenas de milhares de brasileiros. Privatizaram a eletricidade e onde foi privatizada os estados vivem o caos, como é o caso de Amapá”, dizia o comentário.
Informações do Mídia Ninja indicam que as pessoas reconhecem que quem está salvando o Amapá é a Eletronorte, uma empresa pública consolidada e lucrativa. “Essa é a prova evidente de que a energia nas mãos da iniciativa privada não é de forma nenhuma eficiente. A estratégia dos governos neoliberais, que se apropriam do poder público para pôr o projeto de privatizações em curso, é deixarem de investir o dinheiro público nos serviços públicos, levando o País a desistir das suas consolidadas, eficientes e lucrativas empresas estatais”, afirma Rosilene Corrêa, diretora do Sinpro-DF.
Ela alerta para o fato de que o resultado da privatização tem sido, insistentemente, denunciado, mas, ainda assim, o governador do Distrito Federal fez ouvido de mercador e prosseguiu com um projeto de privatização que não é a vontade da população. “O resultado de toda privatização é a precarização das condições de trabalho dos funcionários e a queda na qualidade dos serviços prestados à população. Hoje há uma política de precarizar os serviços públicos para fortalecer o argumento pela venda das empresas nacionais. Quem sofre com tudo isso somos nós, o povo”, afirma a diretora.