Em defesa da Casa Negra

(*) Por Lara Andréia Sant’ana Cardoso

 

A escravidão nos circunda no ciclo noite e dia. No meu caso, há 50 anos, todos os dias, deparo com alguém que me diz o racismo não existir.

 

Ora essa é a maneira mais sutil e ao mesmo tempo cruel de ser racista.

 

Ser uma mulher negra e me assumir diante de uma sociedade preconceituosa é ser resistente . EU SOU RESISTÊNCIA!

 

Vejo a discriminação nos olhos de muitos que estão comigo e vejo o sinismo e a intolerância.

 

Tudo que faço é mais difícil de ser aceito nesta sociedade apodrecida e corrompida.

 

Há excessões!

 

Por mais que nos pareça leve só quem carrega melanina sabe o qto custa e o peso que tem.

 

Mas minha ancestralidade carregou com  raça e eu continuo no processo.

 

Combater o racismo, diariamente ,é antes de tudo dialogar com o mundo que podemos tudo.

 

Neste 13  de maio nosso recado é que não houve abolição mas o despejo nas senzalas com o intuito de exterminar uma raça.

 

Restou aos negros as margens, o subemprego, a desigualdade e a pobreza! Restou o PRECONCEITO.

 

NA EDUCAÇÃO  tenho um  espaço que me permite ecoar meu grito de guerra.

 

O BRASIL é um país de negros(as) e ponto final.Eu posso, eu quero e eu exijo meus direitos!

 

ACREDITO que toda resistência deve partir de dentro para fora.

 

Queremos que o Brasil pague essa dívida social!

 

RACISMO É CRIME E ESSA HISTÓRIA POSITIVISTA É UMA FERRAMENTA DE PRÁTICA RACISTA CRUEL!

 

Aqui dentro de  mim há uma mulher sem medo de EXIGIR o que este país me deve. A dívida é social e não podemos deixar de cobrá-la com todas as  devidas correções .

 

Lugar de NEGRO(A) é no poder…

 

Chega de omissões…

 

O SANGUE dos (as) negros(as) que resistiram correm nas minhas veias…

 

Salve a luta antirracista!

 

SALVE DANDARA , LARA, MARIA, TEREZA e todas as negras que resistem!

 

(*) Lara Andréia Sant’ana Cardoso, professora de história da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEE-DF), leciona no Centro de Ensino Fundamental do Lago Norte (CEF 01/LN /CELAN), mestre em Educação – Políticas Públicas e Mulher Negra Quilombola Paracatu- Minas Gerais.