Em ato na OAB, ministro pede "perdão" às vítimas da ditadura militar

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, como representante do Estado brasileiro, pediu perdão aos que sofreram com a ditadura no Brasil e afirmou que o país, durante muito tempo, foi omisso em garantir a justiça. O pronunciamento foi feito durante o ato público Para Não Repetir – 50 Anos do Golpe Militar, realizado nesta segunda-feira, 31, no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. O ato relembrou a instauração da ditadura militar no Brasil, em 1964.

“Tenho o dever constitucional de pedir perdão, em um gesto simbólico, aos que foram atingidos pela ditadura, que foram presos pela ditadura(…)”, disse Cardozo, que integra o governo cuja presidente Dilma foi uma das milhares de pessoas presas, torturadas e perseguidas pelo regime militar. “Superamos (a ditadura), mas ainda há resquícios do pensamento ditatorial expressos, por exemplo, nos abusos de autoridade. Ainda temos que lutar pela nossa Constituição”, disse Cardozo. Para Cardozo, o Brasil mostra “um novo tempo”. “Durante muito tempo os ministros da Justiça diziam que não tinham nada a declarar e, hoje, o ministro da Justiça dizer em nome do Estado brasileiro que pede desculpas por aquilo que foi feito na época da ditadura é um grande avanço”, pontuou.

A atividade realizada pela OAB reuniu advogados que atuaram na defesa dos perseguidos políticos da ditadura militar, representantes de movimentos sociais e em defesa da justiça, além de ter como didática a apresentação de vídeos e o lançamento de livros que narram os 21 anos (1964 – 1985) de perseguição política, desmonte de sindicato, perseguições, ocultação de cadáveres, assassinato.

Feridas abertas

De acordo com o presidente da OAB, Marcus Vinicius Coêlho, as mazelas da ditadura ainda perduram nos dias de hoje. “As feridas dos anos de regime totalitário ainda não estão totalmente cicatrizadas em nossa Nação, ainda há desaparecidos cujas famílias seguem aflitas sem conhecer o paradeiro de seus parentes, como se seus entes queridos morressem de novo e sempre a cada dia que passa”, disse.
De acordo com o presidente da OAB, a única forma de o Brasil espantar de vez o risco da volta de regimes ditatoriais é combatendo os atos de intolerância e a violência. “É fundamental verificarmos que nos dias de hoje ainda temos muitos atos de autoritarismo. Podemos perceber isso na intolerância, no desrespeito às divergências, nas agressões às liberdades, como à liberdade de expressão.”
Veja outras atividades que lembram os 50 anos de Golpe Militar:
– 1º de abril – 17h, Ato em homenagem à resistência e à luta pela Democracia, no hall da taquigrafia na Câmara dos Deputados e às 18h no Foyer do Auditório Nereu Ramos;
– 1º de abril – Início da Mostra de filmes que abordam o período da ditadura militar no Brasil, no Cine Brasília
– 2 de abril – 10h, Ato público da comunidade universitária da UnB em Descomemoração ao Golpe de 64, na quadra de esporte José Maurício Honório Filho (ao lado do banco na Prça Chico Mendes).
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