Educadoras reforçam marcha das mulheres negras

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Com roupas e turbantes coloridos, muita música e dança, cerca de 25 mil pessoas participaram hoje (18/11), em Brasília, da 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, para protestar contra o racismo e a violência. O ato, que saiu do Ginásio Nilson Nelson em direção à Praça dos Três Poderes, exige do Poder Público políticas que promovam equidade racial e de gênero.
Violência – O último censo do IBGE aponta que as mulheres negras representam 25,5% da população brasileira, ou seja, 48,6 milhões de pessoas. De acordo com o Mapa da Violência, estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres e divulgado no início do mês de novembro, os casos de homicídio envolvendo mulheres negras cresceram 54,2% entre 2003 e 2013, passando de 1.864 para 2.875. No mesmo período, o número de ocorrências envolvendo mulheres brancas caiu 9,8% (de 1.747 para 1.576).
Segundo a ministra Nilma Lino Gomes, da pasta das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, que participou da manifestação, a marcha é um momento importante para as mulheres negras trazerem suas reivindicações e para avaliação dos avanços e dos desafios que existem pela frente: “O mapa da violência nos mostra que temos ainda muito que superar, em relação ao sexismo e ao racismo no País. E esse é um papel do governo e da sociedade como um todo”.
Racismo na escola – A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação também esteve presente. Educadores de todo o Brasil se uniram à luta das mulheres e incluíram na pauta de empoderamento o esforço em fazer valer a lei 10.639/03, que torna obrigatório o estudo sobre a cultura e história afro-brasileira e africana, garantindo educação pública de qualidade e antirracista para todos.
A secretária de combate ao racismo da CNTE, Ieda Leal, esteve à frente do movimento e destacou o papel da educação no enfrentamento ao racismo: “Esta é uma aula de cidadania e nós vamos fazer a diferença. Nós queremos que as mulheres negras e os nossos filhos tenham os direitos absolutamente respeitados. Racismo é crime e tem que ser punido. A educação tem a tarefa de conscientizar a sociedade de que não podemos aceitar que se discrimine alguém pela cor da pele. O Brasil merece ser um país melhor e para isso é preciso respeitar o povo negro”.
Desrespeito – Durante a marcha, dois policiais – que estão no acampamento que pede o impeachment da presidenta Dilma e a volta do regime militar – ameaçaram integrantes do movimento e dispararam tiros. Entretanto, o tumulto não foi suficiente para dispersar a marcha, que seguiu de volta ao ginásio, para o encerramento da programação, com um show das “Mulheres Negras pelo Bem Viver”.
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