Educação para contra a reforma administrativa

Servidores/as do magistério público do Distrito Federal paralisaram as atividades nesta quarta-feira (18/8), na Greve Nacional do Serviço Público, e se somaram ao ato que reuniu cerca de duas mil pessoal no anexo II da Câmara dos Deputados. A data marcou a unidade da classe trabalhadora contra a reforma administrativa.

“A luta contra a reforma administrativa deve ser uma luta do povo. Essa proposta acaba com os serviços públicos, como a educação, e prejudica justamente os que mais precisam da atenção do Estado. Diante de um cenário trágico, onde a fome voltou ao prato dos brasileiros, a população pode ter que pagar por escola, hospital, segurança. É isso que pode acontecer se a reforma administrativa passar”, afirma a diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.

Pelo texto da reforma administrativa, o Poder Legislativo fica autorizado a editar normas gerais que possibilitem o exercício de atividades públicas pelo setor privado, permitindo, inclusive, o compartilhamento de estrutura física e a utilização de recursos humanos de particulares.

Segundo Rosilene Corrêa, o caos em que se encontra o Brasil tem um culpado: o presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, para a dirigente, não se pode tirar também a responsabilidade do Congresso Nacional.

“Não podemos esquecer que também têm deputados e deputadas, senadores e senadoras que assinam embaixo e sustentam essa política de devastar todos os direitos da classe trabalhadora, os direitos de cada cidadão e cidadã. É por isso que a PEC 32 tem de ser derrotada. E será! Porque significa a omissão do Estado. É legalizar o que Bolsonaro tanto quer. Bolsonaro foi eleito e ele acha que ganhou a escritura do Brasil, que é dono, o proprietário. O que estão querendo fazer é transferir o Estado brasileiro para a iniciativa privada”, denunciou a sindicalista em discurso em frente ao anexo II da Câmara dos Deputados.

Assim como a dirigente do Sinpro-DF, outras lideranças sindicais afirmaram que a classe trabalhadora está mobilizada para combater a reforma administrativa. “A PEC 32 é uma tragédia. E se eles acham que não vai ter resistência da classe trabalhadora, podem esquecer!”, disse o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre.

Frente a um dos projetos mais perversos do governo federal, o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, disse que o ato desta quarta-feira (18/8) é um “recado” à Câmara Legislativa. “Estamos unidos para derrotar o governo. Em Brasília, conseguimos mostrar a nossa capacidade de mobilização e de união”, afirmou.

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Além de servidores públicos das três esferas, funcionários de empresas estatais, como Correios e bancos públicos, e trabalhadores da iniciativa privada também participaram das mobilizações deste 18 de agosto. Isso porque o texto da reforma administrativa promove o desmonte da estrutura do Estado brasileiro, que desemboca na facilitação das privatizações, já que permite a participação ativa de entidades privadas nos órgãos e instituições públicas.

Além das ruas, a luta contra a reforma administrativa também foi nas redes. Nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, as hashtags #18ADiaDeLuta e #SosServiçoPúblico foram inseridas nos assuntos mais falados do Twitter. “Estão sendo realizadas várias ações nas redes sociais, e é preciso que nos engajemos também nesse formato de protesto. Vamos ficar atentos a tuitaços, vamos curtir, compartilhar e comentar conteúdos que falem o que de fato é a reforma administrativa. A nossa narrativa tem que prevalecer! E para isso, temos que sempre explicar para a população que a reforma administrativa atinge sim os servidores públicos, mas quem realmente sai perdendo é o povo, que precisa de escola, de praça pública, de biblioteca, de segurança, de hospital, de atendimento jurídico”, orienta a diretora do Sinpro-DF Letícia Montandon, que também participou do ato desta quarta.

A reforma administrativa foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mesmo transgredindo em vários pontos a própria Constituição Federal. Atualmente, ela está na comissão especial, onde aguarda o relatório do deputado Arthur Maia (DEM-AM), que também relatou a reforma da Previdência, dando parecer favorável à proposta que impossibilitou brasileiros e brasileiras de se aposentar. Caso aprovada na comissão especial, a reforma administrativa segue para o plenário da Câmara dos Deputados, onde será votada em dois turnos.

 

Foto capa: IMATHEUSALVES/@INEDITABRASIL

 

 

 
 

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