Educação Alimentar Vs Mercado: como a lei da oferta e da demanda pode influenciar na alimentação saudáve

Um dos bordões mais utilizados nos dias de hoje: “você é o que você come” demonstra que a nossa sociedade tem se voltado cada vez mais para a necessidade de cuidar da saúde a partir da alimentação. Aliada à prática de exercícios físicos regulares, hidratação e as tão sonhadas oito horas de sono por dia, em média, a alimentação saudável figura entre os assuntos mais pesquisados na Internet e discutidos nos mais variados ambientes, da academia à academia…

Contudo, como não poderia ser diferente, em uma sociedade de Economia Capitalista, o Mercado tem observado essa tendência, ou melhor dizendo, essa demanda. E através dos seus “tentáculos invisíveis” exerce de maneira fria e cruel o que determina uma das suas leis, oferta e demanda, e eis que o preço de alimentos naturais e orgânicos aumenta a cada dia, em um ritmo muito maior do que os industrializados.

Na pesquisa intitulada “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil 2021”, apresentada pela Forbes1 em janeiro de 2022, o consumo de orgânicos entre os brasileiros vem aumentando, motivados pela qualidade do alimento ou pelo fetiche do modismo, também cresce entre a nossa população a conscientização a respeito dos danos causados pelo uso irresponsável de agrotóxicos por uma grande parcela do agronegócio, como aponta a matéria “Uso de agrotóxicos no Brasil dobrou entre 2010 e 2021”2 publicada no site do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Não bastasse o fato de que a desigualdade social determina quem pode ou não ter acesso a uma alimentação de qualidade, nós ainda temos mais um problema decorrente da crueldade do capitalismo: o crescimento da obesidade na classe trabalhadora. Sim, a mesma classe que padece da subnutrição, também enfrenta o problema da obesidade, como aponta a matéria da BBC News Brasil, “Por que um terço dos países mais pobres enfrenta ao mesmo tempo epidemias de obesidade e de desnutrição”. Isso é o resultado dos altos preços praticados pelo mercado em relação aos alimentos naturais e orgânicos, em detrimento dos alimentos industrializados.

Sim, agora podemos chegar ao nosso título, Educação Alimentar Vs Mercado. A Lei nº 13.666/2018 que altera a Lei nº 9.394/1996 (LDB), inclui “o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo escolar”. Para fazer sentido, a partir da premissa da educação como processo de emancipação humana, é preciso tratar a alimentação como necessidade básica humana, vital. Ou seja, desfetichizar, tornar natural e humanizar a alimentação. Contudo, esse processo só é possível a partir do rompimento da lógica capitalista desumana, cruel e causadora, também, dos problemas alimentares que enfrentamos na modernidade.
Ao contemplar a Educação Alimentar no currículo escolar, podemos trabalhar com as crianças, adolescentes, jovens adultos e idosos, questões centrais como o problema dos latifúndios, das monoculturas, dos agrotóxicos e da especulação dos preços dos alimentos pelo mercado. A desigualdade que causa a fome também causa a obesidade e tantos outros problemas de saúde que a classe trabalhadora enfrenta todos os dias. Dessa maneira, para além da questão alimentar, é possível conscientizar dos males que o Capitalismo produz e reproduz.
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1 Leia mais em:
https://forbes.com.br/forbesagro/2022/01/brasileiros-escolhem-produtos-organicos-pela-apar
encia-e-preco-mostra-pesquisa/
2 https://mst.org.br/2023/10/15/uso-de-agrotoxicos-no-brasil-dobrou-entre-2010-e-2021/#:~:text=A%20c
ada%20ano%2C%201%20milh%C3%A3o,ordem%20de%201%20para%2050.


Para mais informações sobre o autor, acesse o seguinte link do Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9118678227810200

Por: Jefferson Amauri Leite de Oliveira, Pedagogo, Pós-graduado em Gestão Escolar.