Editorial | Educação não se faz com aventura

Escola Classe 425, de Samambaia

 

O governo Ibaneis (MDB – ex-PMDB) promove outro ataque à educação pública e gratuita do Distrito Federal. Notícia veiculada na imprensa dá conta de que o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou uma análise para criar uma escola pública a ser gerida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nos moldes das quatro escolas, atualmente, geridas pela Polícia Militar (PM).

Nesta semana, o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, determinou à direção da PCDF a realização de um estudo sobre o projeto, a ser coordenado pela direção da PCDF e aconselhamento das Secretarias de Segurança Pública (SSP-DF) e da Educação (SEEDF). Os policiais civis reivindicaram uma escola pública para seus próprios filhos. O governador Ibaneis foi mais além e sugeriu a criação de uma escola sob a gestão da Polícia Civil.

A atitude do governador ultrapassa a falta de respeito com a categoria docente e com a população que paga impostos para ter uma escola pública, gratuita e de qualidade, como está previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), na Constituição Federal e, no caso do Distrito Federal, também, no Plano Distrital de Educação (PDE).

Essa atitude demonstra que a educação pública do Distrito Federal se tornou um brinquedo e, ao mesmo tempo, território de aventuras do governador Ibaneis Rocha. O atual governador do Distrito Federal e o governo Bolsonaro ignoram completamente a existência de um projeto sério e responsável de educação em curso no Brasil, o qual se encontra nas 21 Metas do PDE e nas 20 Metas do PNE e no PNE.

O país tem um PNE elaborado, democraticamente, pelos professores, Academia e comunidades que puderam, pela primeira vez na história da nação, opinar sobre o projeto de educação que querem para seus filhos. A mesma coisa ocorreu no Distrito Federal, onde foi feito um planejamento decenal com a comunidade escolar que envolve pais, estudantes, professores, funcionários de escolas, universidade.

De repente, o Brasil e o Distrito Federal se encontram nas mãos de aventureiros que decidiram distorcer a finalidade de cada área do serviço público e querem tratar o Estado com negligência, descaso e desprezo, sem a noção da devida importância desses serviços para a população.

A educação no Distrito Federal se tornou um objeto de aventura dos dois últimos governos e do país. Não é à toa que o governador Ibaneis decidiu entregar unidades escolares da rede pública de ensino do DF à PC na semana em que o ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, mandou para todas as escolas públicas do país um email pedindo que as crianças sejam perfiladas para cantar o Hino Nacional e que o momento seja gravado em vídeo e enviado para o governo.

No email, o ministro pede ainda que seja lida uma carta dele para os(as) estudantes, a qual termina com o slogan do governo Bolsonaro “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”. Ligado aos grupos que defendem a Lei da Mordaça e simpatizante da ditadura militar de 1964, Vélez Rodríguez não está agindo de forma atabalhoada. Não se trata de falta de experiência administrativa, de uma aventura desnorteada, sem fundamento e sem critério. Pelo contrário, isso é um projeto político e econômico, concatenado com as políticas privatistas, belicosas e de desmonte dos serviços públicos do governo federal.

As comunidades escolares já perceberam que o governo federal pôs em curso uma política de desmonte da educação pública e começaram a reagir a essas iniciativas, como a do ministro da Educação, e estão orientando as pessoas, em vários pontos do país, a filmarem os problemas das escolas e enviarem os filmes para os e-mails do ministro da Educação e da Presidência da República.

Trata-se de um projeto de desmonte do Estado e transformação dos serviços públicos em mercadoria. E uma das formas de acelerar esse processo de mercantilização e de privatização dos serviços públicos é, no primeiro momento, desorganizá-lo, desvirtuando a finalidade de cada Pasta, cada setor.

Confira a campanha que está sendo feita nas cidades contra o email do ministro da Educação:

 

 

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