EC Córrego Barreiro se reúne com Sinpro, CLDF e poderes públicos e define soluções para a falta de água

Estudantes das séries iniciais da Escola Classe Córrego Barreiro, em Ponte Alta do Gama, denunciaram, nessa quarta-feira (5), o caos em que a escola se encontra por causa da falta de água. As crianças produziram redações nas quais relataram a situação caótica e os prejuízos que estão sofrendo em decorrência do corte, executado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), no dia 26 de junho. Ao final da reunião, a direção da escola se comprometeu de enviar um ofício à presidência da Caesb, solicitando informações sobre o motivo do corte da água e também o envio de uma caixa d’água, bem como a possibilidade de abertura de novo poço artesiano
A apresentação dos textos foi  feita no decorrer da reunião convocada pela diretoria da escola para essa quarta, cujo objetivo era reunir na sede da instituição, os poderes públicos capazes de encaminhar uma solução definitiva e dar uma resposta institucional para o problema que ocorre várias vezes no ano letivo em razão da turbidez da água. Professores/as afirmam que a escola completou 50 anos e, há 20, enfrenta esse problema dos cortes intermitentes por causa da turbidez da água. Este ano, foi considerado um dos piores porque a Caesb suspendeu o fornecimento sem avisar e, hoje, além de receber apenas uma vez por semana a água trazida por um caminhão-pipa.
Uma planilha apresentada pela CRE indica que o retorno do abastecimento está previsto para o fim de agosto. Para resolver o problema imediato, a CRE se comprometeu a enviar três caminhões-pipa por semana, verificar a procedência da água do caminhão e outros encaminhamentos foram definidos. A Caesb, por exemplo, irá investigar e trazer respostas à comunidade que quer saber por que isso ocorre regularmente e o que acontece com a água. A EC Córrego Barreiro recebe água de um poço artesiano, contudo, segundo denúncia feita durante a reunião, a região possui vários córregos e todos são altamente contaminados por coliformes fecais advindos dos abatedouros de animais oficiais e clandestinos que descartam seus dejetos nas águas dos riachos.
O deputado distrital Wasny de Roure (PT), presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), observou que a região precisa de uma análise aprofundada e atualizada da água porque é uma área de muitos riachos, nascentes e córregos e o problema se arrasta há mais de duas décadas. O deputado ficou de enviar ofício à Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa)  para encaminhar o estudo atual da região. O deputado Reginaldo Veras pediu à Caesb para divulgar as informações coletadas sobre a qualidade da água à comunidade escolar porque ninguém sabe o que a Companhia encontrou na água que exigiu um corte imediato.
O fato é que a região é conhecida por ser uma área de lixão. Desprezada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), não possui serviço de coleta de lixo, o qual está presente cotidianamente nas ruas, nas vias públicas, nas margens dos córregos e em todos os locais da cidade, colocando em risco a vida de mais de 100 mil habitantes. “A cidade está situada na fronteira de Goiás e não tem coleta de lixo, o qual vai se acumulando ao longo das vias, nas ruas, nas margens dos córregos e contaminando todo o lugar”, afirma Letícia Montandon, diretora do Sinpro-DF.
Ela conta que o problema afeta as cinco escolas rurais da região. A escola do campo, por sua vez, está atuando no problema de forma interdisciplinar, envolvendo os estudantes em um projeto de reversão do problema, de recuperação dos córregos contaminados e de reflorestamento das áreas desmatadas de cerrado. A proposta da CRE é um trabalho que mostra a relação entre o modo de produção e a crise hídrica, agroecológica e povos do campo.
O trabalho, que envolve também a comunidade do Gama e Ponte Alta, esclarece o uso inapropriado dos recursos da natureza e da produção exorbitante de lixo e seu descarte sem critérios que polui a natureza e os rios, provocando o fim de muitos minerais, como o da água. A prova de que o recursos minerais estão acabando está evidente no Centro de Ensino Fundamental Ponte Alta Norte (CEF PAN), cujo abastecimento está suspenso há mais de um ano. A escola recebe água de caminhões-pipa porque o rio que passa perto, de onde a água era retirada, está poluído e totalmente envenenado para sempre.
“Ademais, esse é o papel da escola do campo. Ela tem de se inserir na comunidade em que ela está localizada  e transformar. Não é só estar ali, de paisagem. Ela tem de fazer uma transformação. Vejo que o pessoal das escolas do campo está buscando parceria e pretendem buscar outras escolas parar formar uma comissão”, comenta Letícia. Ela informa que o representante das escolas do campo se comprometeu a reunir as demais escolas para tentar encaminhar o projeto. E ficou de enviar um ofício ao Sinpro-DF para pedir apoio na produção de panfletos que esclareçam a situação, mostrem as dificuldades e apontem as soluções para o problema da poluição, do lixo e da contaminação da água.
A EC Córrego Barreiro também apresentou, de forma breve, seu projeto de recuperação da mata ciliar do córrego Barreiro, que conta com a produção de mudas e o envolvimento da EAPE porque a mata ciliar está totalmente destruída. Assim, a escola é envolvida nessa atividade, além do minhocário e outros projetos ecológicos. Dentre as deliberações, a diretoria da EC Córrego Barreiro ficou de encaminhar ofícios às instituições públicas para agilizar as soluções.Também foi definido que o problema imediato será resolvido com o envio de três caminhões-pipa e da construção de novo poço artesiano, caso a poluição não tenha atingido o lençol freático. Os deputados se comprometeram a fazer emendas para ajudar na solução definitiva. Roure criticou a Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEEDF) por não ter apoiado as emendas parlamentares elaboradas em parceria com o Sinpro-DF que visavam a assegurar recursos financeiros para a educação.
“Parece que a SEEDF lavou as mãos e afirmou que todos, Poderes Executivo e Legislativo, sindicato e categoria tinham de estar juntos para resolver problemas desse tipo porque não adianta o deputado ficar lá na CLDF sozinho tentando fazer emenda se não tem esse apoio e a repercusão. Criticou também própria CLDF que rejeitou as emendas parlamentares à Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) de 2018, do Sinpro-DF, que asseguravam os recursos financeiros para a Meta 20, do Plano Distrital da Educação (PDE), que prevê reformas e construções de escolas; a Meta 8, que prevê investimentos e ampliação das escolas do campo.
Além da equipe da diretoria e professores/as da escola, participaram outros membros comunidade escolar; o Sinpro-DF; o diretor da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama  do Gama; um representante da CRE/Gerência Regional de Educação Básica-GREB responsável pelas escolas do campo, Vinícius Campos; os deputados distritais Wasny de Roure (PT) e Reginaldo Veras (PDT), da Comissão de Educação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF); Carlito Soares da Caesb; para resolver de uma vez por todas o problema do fornecimento de água da escola.
Confira fotos da reunião:
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