EC 64 de Ceilândia encerra PPP do 4º Ano com o tema “E se fosse comigo essa fraternidade?”

“Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos haverá guerra”. Com essa frase estampada em um dos murais multicoloridos e antirracistas pregado em uma das paredes da unidade escolar, a Escola Classe 64 da Ceilândia (EC 64) finalizou seu Projeto Político-Pedagógico (PPP) de 2022 no dia 7 de dezembro com o tema foi “E se fosse comigo? Se fosse comigo essa fraternidade?”

 

Rodrigo Mesquita Sales, professor de Atividades e coordenador da escola, explica que o PPP “E se fosse Comigo? Se fosse comigo essa fraternidade?” ocorre durante todo o ano com envolvimento de todas as disciplinas com a temática principal e subtemas por bimestre e atende às crianças com idade entre 9 e 13 anos.

 

“O projeto é muito importante e positivo em todos os sentidos porque engloba questões antirracistas, respeito ao próximo, valorização das questões etnicorraciaisdo Brasil e maior socialização entre os(as) estudantes, professores(as) e demais profissionais da escola”, avalia o Sales.

 

Ele contou ao o tema do PPP foi escolhido no início do ano letivo e, como a escola é de educação infantil até o 5º Ano do Ensino Fundamental 1, em cada bimestre os segmentos da Educação Infantil, 1º, 2º, 3º, 4º e 5º Anos ficaram com uma subtemática para desenvolver o tema.

 

“Uns falaram sobre respeito, outros falaram sobre fraternidade, e, no caso nosso, do 4º Ano, eu sou coordenador dos 4º e 5º Anos, elaboramos e executamos uma atividade baseada no antirracismo porque temos aqui o professor Marcos Reis, muito engajado na luta antirracista, com vários livros já publicados, e ele é quem coordena essa atividade baseada no tema do antirracismo”, conta.

 

Ele disse que com a obra “Tirinha vermelha e o povo mau”, de autoria do professor Marcos Reis, os 4º e 5º Anos tiveram como projetos o tema do antirracismo. Essa atividade teve como foco a dança que “fala” sobre o antirracismo. “Em cada uma das danças era desenvolvida dentro de uma temática e, ao final, apresentada à escola.

 

“É importante destacar que este projeto é um sucesso também por causa do apoio que recebemos da direção da escola e dos demais professores e coordenadores. Sem esse apoio, jamais alcançaríamos nossos objetivos”, afirma Sales.

 

Professor Marcos Reis e sua obra literária

 

Com vários livros publicados, o professor Marcos Reis também é escritor e sua obra, geralmente, é voltada para o público infantil com a temática étnicorracial, diversidade, respeito ao próximo.

 

“Já publiquei dois livros, o “Lápis cor de pele” – trata da opção pela cor de pele que as crianças fazem e do preconceito que as pessoas fazem com a história do lápis cor de pele – e o “Tirinha vermelha e o povo mau” – é uma história de uma criança negra, empoderada, que defende sua cultura e origem”, informa Reis.

 

Ele conta que a cada 2 anos publica um livro de histórias. O próximo que irá publica se chama “Roda o mundo, gira pião”, que trata da questão da diversidade no Brasil. Reis tem 40 histórias infantis nessa temática antirracista e tem publicado de forma independente e divulga nas escolas.  “E faço esse corre, divulgando minha obra nesse formato independente que o povo negro faz para divulgar sua obra”.

 

Ele diz que, na EC 64, ele trabalha seus livros com as crianças. “Trabalho minhas históricas com livros em PDF e slides com desenhos que meu irmão e outro desenhista fazem para mim”. A presença de Marcos Reis é tão importante na escola que a Sala de Leitura leva seu nome e lá tem livros dele que ele mesmo doou para a unidade escolar.

 

A ideia é trabalhar o tema do antirracismo durante todo o ano letivo. “A gente sabe que a Lei nº 10.639 não é uma lei apenas para dedicar o dia 20 de novembro à consciência negra, mas é uma lei para os 200 dias letivos do ano. Se a gente quer uma sociedade antirracista, temos de trabalhar no cotidiano e não somente em datas comemorativas”, diz o professor.

 

Confira as fotos da culminância do PPP nas redes digitais do Sinpro-DF.