EC 05 de Planaltina celebra 52 anos com concurso, e ganha um presente especial

A Escola Classe 05 de Planaltina comemorou seus 52 anos com um concurso de desenho e redação. O I Concurso de texto e desenho da Escola Classe 05 de Planaltina-DF teve o tema “Uma festa de aniversário para minha escola”.

Como o aniversário da escola ocorreu durante o período de greve, a premiação foi feita no dia 16 de junho.

As comemorações foram organizadas pelo coordenador Diego Câmara, mas a professora Dirce da Silva, do quarto ano B, preparou uma homenagem bem especial. Ela está prestes a se aposentar, e é ex-aluna da escola. “Sou preta, filha de mãe lavadeira e pai pedreiro, analfabetos, que sempre incentivavam os filhos dizendo: o caminho da liberdade são os estudos.”

Dirce completa: “Gratidão eterna a todos os professores pelos quais passei e que com paciência e amor me ajudaram a concretizar a minha vocação de menina a qual eu achava inatingível, impossível. Tendo 8 irmãos com os quais tinha que dividir uniformes e livros que eram muito raros pela impossibilidade de meus pais comprarem na época.”

Veja a seguir o poema da professora Dirce para a Escola Classe 05 de Planaltina:

Minha Escola Classe 5

Do Distrito Federal

Hoje eu vou comemorar

Essa data especial.

 

Me diz qual foi o arquiteto?

Que fez tão belo projeto?

Seu bloco retangular!

Com pátio amplo e repleto

De alunos a brincar.

 

Na entrada a secretaria,

Trabalham com maestria,

Para turmas organizar.

Onde minha mãe

Já foi um dia

Para me matricular.

 

Depois vem a direção,

Que junto com a orientação,

Todos sabem a atenção

Que recebemos bem dali.

A responsabilidade é grande,

Pois trabalham com a mente

E o coração dos aprendizes

 

A sala dos professores, mestres

Que juntos passam o tempo a estudar.

E em seus planejamentos,

Sempre, sempre muito atentos,

Para os alunos ensinar

 

Lá nos fundos a cantina,

Como uma mãe a chamar,

– Menina, vem alimentar!

Tem que estar de barriga cheia

Para poder estudar.

 

Aos lados salas dispostas,

Com professores nas portas,

Esperando seus discentes

Para aplicar suas propostas

 

Oh! Minha escola amada!

Suas paredes tinham tons cinza,

Tijolos vazados na entrada

De esconde, esconde eu brincava,

 

Hoje tem até parquinho

Com os pequenos a brincar,

Alunos como passarinhos

Que acabaram de sair do ninho,

Correm pra lá e pra cá.

 

Foi no ano de setenta e cinco

Que retraída cheguei,

Pela primeira vez,

Na Escola Classe Cinco.

 

Menina magra, canela fina

A professora Florice,

É quem me ensina.

 – Você é muito calada. – ela me disse.

 

Você tem que se adaptar

E eu só abria a boca pra chorar.

Entre o bê com a bá, cê com a cá.

Minha irmã lá fora, a me esperar.

 

Um dia então, quando olhei

Minha irmã não avistei

Pois dali em diante

Eu nunca mais chorei.

 

Mas foram anos de desalento,

O recreio era o meu tormento.

– Corre, pega! Puxa as tranças

Da negrinha! Nove anos eu tinha.

 

E eu corria feliz,

Não tinha maldade

No que ele diz.

A saia de plissas azuis

Abriam e fechavam,

Daquele tempo, tenho saudade.

 

A minha mãe tão dedicada!

Os meus cabelos trançava,

E para cada dia da semana,

Uma cor de fita ela amarrava.

 

Em Mil novecentos e setenta e seis,

Não havia lugar em que me achasse

Bem lá nos fundos da classe

Eu me sentava, e muito calada

As horas passavam.

 

Ao perceber minha timidez,

A professora Nice Alarcão

Com muita precisão

Disse de uma vez.

 

Bem cedo ao entrar

Pequenas tarefas vou lhe dar

Vá na vendinha e traga pra mim,

Um pão com manteiga,

E um doce de amendoim.

 

Eu me sentia importante,

Era pra mim significante,

Na verdade o que ela queria,

Era me socializar

Pra minha grande alegria.

 

Naquela época na hora certa,

Bem no horário do recreio

Uma sirene tocava,

Avisando a todos

É hora de dar uma parada.

 

A meninada corria, com emoção,

E num alvoroço sem fim,

Íamos para o barranco

Cheio de grama e capim,

Saíamos rolando no chão.

 

Em 1977 com a leitura deleite

Na cartilha Caminho Suave,

Eu já lia com enfeite

Palavras fluíam sem entrave

E satisfeita ficou,

A minha professora Cleide.

 

Depois de um tempo

O seu sinal mudou

Em vez de sirene

Muitas músicas você tocou.

 

O cravo brigou com a rosa,

Como pode o peixe vivo,

Viver fora da água fria…

Alecrim, alecrim dourado!

Aí eu entrei na roda…

 

Hoje o sinal não toca

Pois somos todos iguais

A Escola 5 abraçou

Os alunos especiais.

 

Oh, minha escola é agora?

Foi com muita aflição,

Que em 1978, fui embora

Com pesar no coração.

 

Em mil novecentos e oitenta e cinco

Terminando o magistério

Voltei para estagiar

Na sala do profe4ssor Farnésio,

 

Dei aula de matemática

E com alguma didática

Um jogo de adição

As atividades rodadas

No mimeógrafo do Centrão.

 

No ano dois mil e catorze

Quando passei por aqui

Eu estava tão feliz,

Mas na profissão há missões

Que em dois mil e quinze

Tive que sair

 

Um dia volto!

Mais uma vez te prometi!

E quantos caminhos eu percorri…

Ora de flores, ora de espinhos.

Para chegar até aqui.

 

Cá estou com minha turma,

Leciono no quarto ano B

Estou quase aposentando,

Mas voltei para você!

 

Hoje é seu aniversário,

E te vejo tão bonita!

Dizem mesmo que é assim

Quanto mais velha se fica.

 

Seus tons de cinza

Foram sumindo,

E novas cores surgindo,

Iguais às cores das minhas fitas.

 

E nessa estrofe eu encerro

Com muito amor e paixão,

Eu voltei para você,

Escola do coração!

 

Clique aqui e veja todas as fotos e vídeos do aniversário da EC05 de Planaltina