Dono de cabaré, em São Paulo, comemora prisão política de Lula com opressão à mulher
A prisão política do ex-presidente Lula surgiu nas redes sociais de várias formas. Mas uma delas aparece com maior destaque porque traz uma imagem de uma mulher sendo amordaçada em um palco de um cabaré de luxo situado na capital de São Paulo. A grosseria chega aos limites da imoralidade.
A imagem traz uma mulher subjugada como um troféu. O dono do estabelecimento a aprisiona, com as mãos amarradas e a cabeça jogada para trás. Imobilizada, ela é exposta ao público como um animal humilhado, mutilado de sua liberdade. Ao lado dessa cena violenta, a homenagem propriamente dita expõe duas imagens imensas, impressas em banners de lona, da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e do juiz federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Moro, que, desde 2014, coordena a Operação Lava Jato.
Trata-se de uma foto de Oscar Maroni, dono do Bahamas Hotel Club – considerado o maior prostíbulo de luxo do país –, vestido de presidiário,que circula na internet.
Ele agarra por trás uma de “suas” prostitutas seminuas e tapa sua boca. De acordo com informações contidas na própria imagem, essa cena ocorreu numa festa de comemoração da prisão do ex-presidente Lula, na qual ele teria distribuído bebidas e oferecido mulheres de graça para uma plateia formada somente por homens.
É o que está nas redes sociais, mostrando total desrespeito à mulher e desmoralização da sociedade brasileira. Revela a decadência do Poder Judiciário, o fracasso da Operação Lava Jato e o escárnio com o Estado democrático de direito. Apresenta, sem máscaras, os lacaios do neoliberalismo que, desprovidos de qualquer respeito à Nação e a seu povo, não gosta de Lula e nem da esquerda mesmo quando se favorecem com as lutas em nome de direitos e garantidas sociais levadas adiante por movimentos, ativistas e até políticos de esquerda.
“A imagem publicizada enseja comparações terríveis: figuras proeminentes do país e do Poder Judiciário homenageadas num cabaré, como a ministra e o juiz. Ou seja, justamente num estabelecimento comercial em que a moeda de troca é o corpo da mulher, o qual deveria ser protegido e respeitado pela Justiça. O fascismo é assim: violento. Ele naturaliza o crime e comemora as injustiças”, diz Vilmara Pereira do Carmo, coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro-DF.
A imagem mostra a verdadeira face do fascismo tropical e neoliberal, que atua nos subterrâneos diuturnamente para sabotar toda uma nação e favorecer organizações criminosas nacionais e internacionais e, quando se revela, mostra sua total falta de respeito a tudo. Como disse Márcia Tiburi em um de seus artigos sobre a criminalização do ex-presidente Lula, “não é só a ingenuidade do corpo docilizado que entra em jogo na inércia da população, é também a covardia interesseira que o ‘aburguesamento’ do mundo nos legou. E, assim, muitos que um dia foram honrados com a consciência de serem trabalhadores, perdem, agora, o seu desejo de lutar”.
“É uma foto que se traduz como uma ameaça concreta a todas as vozes que se levantam contra o subjugo da nação e a ignomínia da mulher. Quer calar as lideranças que atuam em movimentos sociais contra todo tipo de expropriação, como Luiz Inácio Lula da Silva e Marielle Franco: a vereadora do PSOL, no Rio de Janeiro, e de seu motorista, Anderson Gomes, assassinados brutalmente no centro do Rio por denunciar os crimes da intervenção federal e policial do Poder Executivo. Que se manifestam e e denunciam o extermínio sistemático, impune e cotidiano de líderes do movimento dos trabalhadores rurais e do movimento indígena”, afirma a diretora.
E mostra um Brasil estigmatizado pela injustiça, neoliberalizado, subjugado ao colonialismo internacional e onde o fascismo jurídico-político se espraia, contaminando pessoas e eliminando qualquer vestígio de democracia e respeito. É o fascismo tropical, que, como todos os outros tipos de fascismo da história do mundo, usa práticas e procedimentos incompatíveis com os princípios e as garantias fundamentais de um Estado de direito democrático para calar lideranças políticas contrárias à entrega das riquezas do país e ao subjugo da nação.
Confira um dos vídeos com a “comemoração”: