Dilma ataca violência e se compromete com Margaridas
Na conclusão das atividades da 5ª Marcha das Margaridas, a presidenta Dilma Rousseff reafirmou sua parceria com o movimento e entregou respostas às reivindicações das mais de 70 mil trabalhadoras e trabalhadores que marcharam na Esplanada dos Ministérios na manhã desta quarta-feira (12). Mais do que responder à pauta das Margaridas, a mulher que teve a juventude marcada pela luta contra as mordaças da ditadura, compartilhou com as militantes feministas a disposição ao enfrentamento das dificuldades, uma clara resposta aos ataques golpistas da direita. Parafraseando uma música do cantor Lenine, a presidente declarou: “Sou que nem as Margaridas: envergo, mas não quebro”.
Às 16h, o estádio Mané Garrincha excepcionalmente feminino, decorado com centenas de faixas e cartazes, recebeu a presidenta Dilma, que chegou à celebração ao lado da secretária de mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura – Contag, Alessandra Lunas.
Em resposta às revindicações que as trabalhadoras enviaram ao governo federal no início do mês de julho, a presidenta Dilma Rousseff entregou aos coordenadores da Marcha um caderno que apresenta diversas medidas a serem tomadas pelo governo que convergem com as pautas das Margaridas. O documento foi elaborado por Dilma e seus ministros, a partir do estudo da carta que listava os pleitos do movimento.
O principal consenso, destacado pela presidenta, entre os objetivos de seu governo e a pauta da Marcha, é a tolerância zero à violência contra a mulher. Para estender mecanismos de segurança às mulheres do campo, Dilma afirmou que vai implementar Patrulhas Rurais Maria da Penha, com unidades móveis de atendimento às mulheres do campo sujeitas à violência.
Além da proteção à integridade física e moral da mulher rural, a presidente citou medidas que vão ampliar o acesso à saúde de toda população do campo, bem como favorecerão os meios de produção. Dilma prometeu que até o fim de seu mandato, todas as pessoas acampadas do país terão o registro de suas terras.
A questão da saúde no campo também foi mencionada pela presidenta, que garantiu uma Política Nacional para a população rural e uma mobilização para intensificar o atendimento integral à saúde das mulheres, inclusive ginecológica e bucal. De acordo com Dilma Rousseff, até o fim de seu mandato serão disponibilizadas 109 unidades odontológicas móveis para atender a esta população.
Militância eternizada
Dilma saudou as Margaridas de várias partes do país e afirmou que as mulheres honram a luta de Margarida Alves, brutalmente assassinada por sua participação política e sindical no meio rural. Em seu discurso, a presidenta lamentou a morte de Maria Pureza, de Sergipe, e Maria Alzemira, do Piauí, duas trabalhadoras rurais que faleceram durante o evento da Marcha das Margaridas.
A inspiradora da Marcha das Margaridas também foi lembrada pela secretária de mulheres da Contag, Alessandra Lunas. “O latifúndio assassinou Margarida Alves, mas não sabia que ela era semente e que se multiplicaria em cada uma de nós”, disse. A ideia reforçou o depoimento da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, Eleonora Menicucci, que lembrou o histórico de resistência da líder sindical, a qual teve a oportunidade de conhecer na Paraíba.
Chamada pelas militantes de “Margarida do coração valente”, a presidenta Dilma Rousseff classificou a ocasião como um “feliz reencontro” e elogiou a unidade e a capacidade de mobilização das mulheres.
“Na música, vocês dizem: ‘olha, Brasília está florida. Estão chegando as decididas’ e eu não encontro uma palavra melhor para definir as Margaridas. Vocês são mulheres decididas a batalhar juntas por uma vida melhor, decididas a avançar na conquista de direitos e na luta contra os retrocessos. Decididas a ser cada dia mais fortes, autônomas e felizes”, discursou Dilma.
Demandas já atendidas
Durante o encerramento da V Marcha das Margaridas, a ministra Eleonora Menicucci relembrou algumas conquistas das mulheres do campo e mostrou em números a forma como essas políticas contribuem para o empoderamento e a emancipação feminina.
“Hoje, as mulheres são titulares de 93% dos cartões Bolsa Família – uma política que retirou o Brasil do mapa da fome. Também são donas de 89% das moradias cedidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida e responsáveis por 58% das matrículas no Pronatec”, informou Menicucci.
Para a presidenta Dilma, o crédito de avanços em políticas para as mulheres é das Margaridas. “Nós alcançamos conquistas como a Política Nacional de Agroecologia porque vocês, Margaridas, lideraram essa luta. Se temos políticas de empoderamento e autonomia para as mulheres do campo e da cidade, é porque vocês nos entregaram essa demanda”, afirmou a presidenta.
Até que todas sejamos livres
Durante o discurso da secretária de Mulheres da Contag, Alessandra Lunas, foi entoado um forte “Fora Cunha” (referência ao presidente da Câmara dos Deputados) pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores presentes, que remontou à importância de barrar qualquer tentativa de golpe e de ataque à democracia do Brasil. “Não ao retrocesso nos direitos da classe trabalhadora”, completou a dirigente, reforçando o grito (“Não vai ter golpe”) que já havia tomado o estádio.
Para a sindicalista, as maiores conquistas do movimento que dão vida à Marcha das Margaridas são a força e a ousadia daqueles que dela participam, em busca de justiça e igualdade.
“Continuarei trabalhando incansavelmente para honrar e realizar os sonhos que vocês depositam em mim e no meu governo”, finalizou a presidente da República, Dilma Rousseff, incentivando a luta das Margaridas, que segue “até que todas sejamos livres”.