Dia Nacional de Mobilização no DF é marcado por unidade e solidariedade

Fonte: Leandro Gomes, da CUT-DF

 

A diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa defende as estatais ao lado do presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues | Foto: Deva Garcia

 

Em tempos de pandemia e de governos negligentes com a vida humana, a solidariedade se tornou uma das principais armas para minimizar os impactos econômicos do vírus. Neste sentido, a CUT-DF e diversas entidades CUTistas realizaram ato simbólico nesta quinta (4) e entregaram 250 cestas básicas para as catadoras e os catadores de materiais recicláveis do DF.

A atividade, realizada na quadra coberta da QN 12C do Riacho Fundo II, é parte das ações do Dia Nacional de Mobilização em Defesa das Estatais, Do Serviço Público e Contra a Reforma Administrativa, que ocorreu em todo o país. Na ocasião, as entidades sindicais dialogaram com a população e explicaram a ligação direta entre o projeto de privatização de Bolsonaro e Ibaneis com o aumento do custo de vida.

Nos últimos tempos, o povo brasileiro tem sofrido com o aumento disparado de itens básicos para nossa sobrevivência. E com o fim do Auxílio Emergencial, milhares de brasileiras e brasileiros ficaram sem ter o que comer em casa. De acordo com o economista Daniel Duque, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a retirada do benefício deve deixar 29,5% da população na pobreza e 9,7% na extrema pobreza

Nesse cenário, a diretora do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa, destacou que é necessário que se tenha responsabilidade com as pessoas e com a vida humana. “Não podemos naturalizar a morte, como esse governo está fazendo. Precisamos falar primeiro do direito à vida. Além de o governo não cuidar das nossas vidas, ele se aproveita do momento para retirar direitos e desmontar o Estado. Privatizar faz mal ao Brasil”, afirmou.

A diretora do Sinpro-DF Carolina Moniz também participou do ato que mostrou que a privatização das estatais pesa no bolso do povo brasileiro | Foto: Deva Garcia

 

Ainda sobre as privatizações em curso, o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Kleytton Morais, destacou que “a importância do papel do Estado parece ser algo que está muito distante da vida de cada um e cada uma”. Isso porque, destacou o sindicalista, existe uma pregação, em todos os espaços, sobre a demonização do Estado, de que o público é ruim e ineficiente.

Para explicar a importância do Estado na prestação de serviços públicos, Morais usou uma metáfora. “O Estado seria essa quadra coberta, onde estamos protegidos do sol e da chuva. A ausência desses instrumentos, seria como se estivéssemos na selva e expostos sem qualquer tipo de proteção. Então, é fundamental a permanência deles para que as nossas crianças continuem a brincar e a sonhar e tendo acesso a serviços essenciais”, disse.

A importância dos Correios como empresa pública também foi debatida na atividade. A presidenta do Sintect-DF, Amanda Corcino, destacou que a estatal desempenha papel fundamental na logística e distribuição de insumos para vacina e para realização de provas, como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo. “É uma empresa importante para a economia e para o desenvolvimento social do nosso país. E, mesmo os Correios gerando lucros, é importante destacar que empresa pública não tem a obrigação de gerar lucros. Seu papel é servir à população”, disse.

Se tratando do aumento do custo de vida, a questão da Companhia Energética de Brasília (CEB) ─ privatizada recentemente pelo governo Ibaneis ─ foi debatida na mobilização. Mal assinou os documentos de compra e venda da empresa, o novo presidente, Mario Ruiz-Tagle Larrain, sinalizou que novos aumentos na tarifa paga pelo consumidor podem acontecer a qualquer momento.

 

“A CEB, empresa que coloca energia em nossa casa, foi a primeira estatal a ser vendida aqui no DF por Ibaneis. Por coincidência ou não, a empresa teve um lucro histórico, anunciado após a assinatura do contrato. Nós do Sindicato e da categoria continuaremos lutando para reverter essa situação”, afirmou o diretor do Sindicato dos Urbanitários do DF (STIU-DF) Sidney Lucena.

A dificuldade para se ter uma moradia digna também foi tema do encontro. O presidente da Confederação dos Trabalhadores em Comércio e Serviço, Julimar Nonato, lembrou que uma das primeiras ações do governo Bolsonaro foi cortar verbas destinadas ao Programa Minha Casa Minha Vida, criado pelo então governo Lula. “Além das dificuldades impostas pela pandemia, o governo ainda contribui para dificultar o acesso da população à moradia. Mas é importante que continuemos na luta, pois moradia é direito constitucional e deve ser garantido a todas e todos”, destacou.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também esteve presente na atividade e reforçou a importância da manutenção do Estado de direitos. “Os nossos direitos são fundamentais que que a gente possa viver como humanos”.

A parlamentar apontou que o Brasil tem duas pautas emergenciais: a vacinação contra a Covid-19 de toda a população e o pagamento imediato do Auxílio Emergencial. “Nós queremos vacina, queremos Auxílio Emergencial. Por isso, continuaremos em luta sempre. O povo sabe a força que tem, sabe que em unidade, pode construir um mundo mais justo e com dignidade”, disse.

A doação

Dezenas de cadeiras foram colocadas na quadra coberta da QN 12 C do Riacho Fundo II com distanciamento seguro para evitar a propagação do vírus. Sentadas ali, as pessoas, em sua grande maioria mulheres, aguardavam ansiosas pela ação. O que se via no olhar de cada um e cada uma era a necessidade de ter Estado mais presente, suprindo direitos básicos à vida e a dignidade humana, como o direito à alimentação, por exemplo.

Por meio da parceria entre a CUT-DF, sindicatos CUTistas, movimentos sociais e a Central de Movimentos Populares (CMP), foi possível doar 250 cestas básicas a catadoras e catadores de materiais recicláveis que integram o Movimento Popular por Moradia no DF (AMORA).

“Sabemos que a fome é emergente e a falta de emprego é grande. Por isso, por meio dessa ação, queremos minimizar os impactos da pandemia na vida dessas famílias que irão receber a doação. Seguiremos lutando por direitos, pela vida, pela dignidade humana e para que nenhuma família fique sem ter o que comer em casa”, afirmou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

Além do Sinpro-DF, diversos sindicatos filiados à CUT-DF participaram do ato que entregou cestas básicas a catadoras e catadores e defendeu as estatais

 

A representante da AMORA, Jaqueline Sousa, agradeceu a todos os movimentos envolvidos na doação e destacou que o apoio do grupo tem sido fundamental. “Quando falamos em AMORA, falamos em amor. Quando falamos em amor, falamos em respeito. E, quando falamos em respeito, falamos em se colocar no lugar do outro, o que significa desejar vida, desejar saúde, desejar o melhor. Vivemos em um cenário em que há inúmeras pessoas na vulnerabilidade e precisamos de apoio para sobrevivermos com dignidade. Muito obrigada a todos”, disse.

Enquanto diversas falas eram feitas no microfone, dezenas de crianças ─ filhas das catadoras ─ brincavam na quadra, despreocupadas com o movimento. A diversão da garotada chamou a atenção do presidente do PT-DF, Jacy Afonso, que se comprometeu em voltar ao espaço com complementos às cestas.

“A gente precisa complementar essa cesta e incluir brinquedos. Voltaremos aqui com brinquedos diversos e entregamos às crianças. O PT nasceu dessa luta e não poderia estar de fora dessa mobilização”, afirmou.

Emocionada, a representante da CMP Cristiane Santos agradeceu às doações e reforçou a importância da solidariedade em tempos de pandemia. “Quero agradecer a união dos movimentos sindical, social e partidos progressistas. Isso é o ideal para passarmos por esse momento de tanta dificuldade e de dor que estamos vivendo. Só com solidariedade de classe venceremos. E essa solidariedade de classe foi expressada aqui nessa ação. Muito obrigada”, disse.

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