Dia Nacional da Imprensa: 213 anos depois de instalada no Brasil, imprensa ainda luta pela liberdade

Se a informação é o caminho para a liberdade, defender a democratização da comunicação é passagem aberta para um País soberano. Este ano, o Dia Nacional da Imprensa é marcado pelo aumento descontrolado de violência contra os jornalistas e a liberdade de imprensa. O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2020, lançado em janeiro deste ano, mostra que o ano passado entrou para a história como o ano em que a humanidade começou a sofrer com uma das mais graves crises sanitárias já registradas.

Revelou que a crise provocou uma tragédia mundial sem precedentes, contudo, causou efeito positivo na imprensa. O jornalismo recuperou parte de sua credibilidade e se mostrou mais do que necessário numa sociedade democrática. Os jornalistas foram reconhecidos profissionalmente. Contudo, no Brasil, os registros foram negativos: 2020 foi o ano em que os jornalistas arriscaram a vida (e muitos morreram), tiveram suas condições de trabalho ainda mais precarizadas, salários reduzidos, sua função sempre desqualificada e sofreram ataques violentos por cumprirem seu papel social.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) já vinha alertando para o fato de que, a partir de 2019, intensificaram as violações à liberdade de imprensa no Brasil, claramente associadas à ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Em matéria divulgada no fim de janeiro deste ano, a federação afirmava que a violência contra jornalistas havia crescido 105,77% em 2020, com Jair Bolsonaro liderando ataques. Em 2019, foram registrados 208 casos de ataques a veículos de comunicação e a jornalistas. Um aumento de 54,07% em relação a 2018, que registrou 135 ocorrências.

Em 2020, a situação piorou. O levantamento da Fenaj, que é subnotificado, dá conta de que houve uma explosão de violência contra jornalistas e contra a imprensa de um modo geral. Foram registrados 428 episódios, 105,77% a mais do que em 2019. De acordo com o relatório, “ a descredibilização da imprensa, como no ano anterior, foi a violência mais frequente: 152 casos, o que representa 35,51% do total”.

E prossegue: “O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, foi o principal agressor. Sozinho foi responsável por 175 casos (40,89% do total): 145 ataques genéricos e generalizados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um caso de ameaça direta a jornalistas, uma ameaça à TV Globo e dois ataques à FENAJ”.

Além da luta pela liberdade de imprensa e de expressão/opinião, a categoria luta pela sua inclusão entre os grupos prioritários para a vacinação, mas não é atendida. Um levantamento da Fenaj mostra que a Covid-19 mata um jornalista por dia no Brasil. Entre janeiro e abril de 2021, 124 jornalistas perderam a vida para a doença, uma média de 31 por mês, bem acima da média verificada em 2020, com 8,3 óbitos/mês.

Ainda segundo dados de um levantamento realizado pela Fenaj, já são 213 profissionais mortos. Os números fazem parte do “Dossiê Jornalistas Vitimados pela Covid-19”, documento elaborado pela Fenaj com a ajuda dos sindicatos de todo o País.

Histórico

Dia Nacional da Imprensa era lembrado sempre no dia 10 de setembro, data que começou a circular o primeiro jornal publicado em terras brasileiras, a Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808. Contudo, em 1999, a comemoração do Dia Nacional da Imprensa mudou de data e passou a ser celebrado no dia 1º de junho porque foi nessa data que começou a circular o jornal Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa. Esse jornal iniciou suas publicações também em 1808, mas era clandestino e começou a circular cerca de três meses antes. Assim, em 1999 esse fato foi, oficialmente, reconhecido e a Lei n.º 9.831, de 13 de setembro de 1999, foi modificada transferindo o Dia Nacional da Imprensa para 1º de junho.

 
 

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