Dia Mundial de Educação: Pouco a se comemorar, muito para lutar

O Dia Mundial da Educação foi instituído no ano 2000, num encontro internacional em Dakar (Senegal) – Fórum Mundial da Educação – que reuniu líderes de mais de 160 países para firmar compromissos e metas em direção a uma Educação para Todos.

Aquele era um momento em que, na América Latina, o neoliberalismo dava sinais de esgotamento, e a esperança dava vazão a elaborações e projetos de ordem democrática e inclusiva. Hoje, quase 21 anos depois, vivemos um momento tenebroso de desmonte de direitos e ataques ao serviço e às instituições públicas. Em plena crise sanitária e econômica, a população se vê à própria sorte.

Há um ano, a pandemia da Covid-19 transformou tanto as relações pessoais quanto as relações de trabalho. Sendo o isolamento social uma medida indicada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como dos únicos métodos eficazes para evitar a propagação do novo coronavírus, o modelo de oferta da Educação também foi alterado, e o ensino remoto ganhou espaço em todo o mundo como alternativa à interrupção dos trabalhos.

A importância da escola ficou mais nítida do que nunca. Porém, boa parte dos discursos que reivindicam essa importância não passam da mesma hipocrisia que se conhece desde muito antes da pandemia. Aqueles que querem atribuir à escola o status de serviço essencial para forçar o ensino presencial são os mesmos que propõem ou votam a favor da retirada de recursos da mesma escola.

Há poucos dias, o governo de Jair Bolsonaro cortou R$2,7 bilhões da Educação [leia mais AQUI], na mesma semana em que a Câmara aprovou o projeto que visa a mandar os profissionais da Educação e estudantes para o genocídio. Assim, ao contrário do discurso pomposo, o que vemos é corte de verbas, desvalorização, congelamento de salários, frequentes tentativas de retirada de direitos, descaso com a saúde e a vida, sucateamento da escola, perseguição ao Magistério.

Quando a população estiver protegida – o que, pelo ritmo em que segue a vacinação, deve demorar -, a escola será uma importante instituição para reconstruir a normalidade, reduzir desigualdades que restarão, amenizar a dor que tem assolado a toda a comunidade escolar. Para isso, ela precisa estar valorizada, assim como seus profissionais. Isso sim é celebrar a Educação, e compreendê-la como fundamental para construir a superação deste momento tão triste.

Neste Dia Mundial da Educação, o Sinpro-DF saúda profissionais do Magistério, da carreira assistência e estudantes, na certeza de que somente com profissionais valorizados, democracia e investimento em Educação poderemos abrir o caminho para um futuro mais humano, digno e feliz.

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