DIA MUNDIAL DA AUDIÇÃO: A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADOS AUDITIVOS E DO ACESSO A DIREITOS
Neste domingo (3), comemora-se o Dia Mundial da Audição, instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para sensibilizar a população sobre a importância da audição e promover a prevenção da perda auditiva, além de melhorar os cuidados auditivos. A organização aponta que, na região das Américas, aproximadamente 217 milhões de pessoas vivem com perda auditiva, representando 21,52% da população, e espera-se que esse número possa subir para 322 milhões até 2050.
Em 2024, a campanha da Word Health Organization (WHO), organização ligada à ONU, tem como título “Façamos dos cuidados de ouvido e audição uma realidade para todos!” e incentivará ações de prevenção à perda auditiva e a melhoria dos cuidados auditivos, informando sobre a necessidade de superar percepções erradas da sociedade sobre a surdez.
No mundo, mais de 80% das necessidades de cuidados auditivos não são atendidas, e a perda auditiva não tratada representa um custo anual global de quase US$ 1 trilhão, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Visibilidade
O diretor de Políticas Educacionais do Sinpro-DF, Carlos Maciel, ressalta a importância da data e das ações de divulgação e informação relacionadas à deficiência auditiva, tanto para melhorar as condições de vida para a população com deficiência quanto para prevenir a perda auditiva. “Independente da sua condição, se é pessoa com deficiência auditiva ou qualquer outra. É imprescindível abordar o tema da qualidade de vida, para diminuir o preconceito e acabar também com o capacitismo”, considera Maciel.
Ele lembra as dificuldades que a população com deficiência auditiva enfrenta em seu cotidiano, a exemplo da acessibilidade, mobilidade, educação e transporte, e destaca que a surdez pode não ser perceptível à primeira observação, criando obstáculos adicionais, devido à falta de conscientização de quem está em torno sobre suas necessidades.
Para o dirigente, ações como a implementação da lei do cordão com girassol são importantes para a conscientização e o respeito a direitos garantidos e para dar visibilidade aos deficientes auditivos. Criada em 2023, Lei nº 14.624/2023, oficializa o uso do cordão de fita com desenhos de girassóis para a identificação de pessoas com deficiências ocultas ou não aparentes em locais ou serviços públicos.
Desafios da Educação Inclusiva
No Brasil, apenas uma em cada quatro pessoas com deficiência conclui o ensino básico, o que demonstra a dificuldade no acesso à educação por esta população, inclusive os deficientes auditivos, que necessitam de uma educação inclusiva, com professores formados Libras e a cultura surda.
A inclusão escolar de alunos(as) surdos(as) é um desafio, apesar da legislação brasileira garantir esse direito, que também enfrentam a escassez de recursos e materiais adaptados. “As escolas precisam investir mais em acessibilidade tendo mais intérpretes de libras, que deve ser universal, e que todas as pessoas possam estar no espaço físico escolar. A escola deve ter acessibilidade, deve estar pronta para receber todas as pessoas”, explica Maciel. No Distrito Federal, o cenário se torna mais desafiador diante do cenário de sucateamento das escolas.
“A falta de estrutura ofertada pelo governo do Distrito Federal, pelo governo Ibanês, nas escolas, a superlotação, as salas com péssimo ambiente ampliam as possibilidades de, ao longo da carreira, adquirirmos problemas auditivos. Então, precisamos cotidianamente cuidar da nossa audição e precisamos reforçar a cobrança que o GDF precisa fazer com os cuidados, com a carreira, com os profissionais do Magistério Público, do Distrito Federal”, diz Élbia Pires, coordenadora da Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador do sindicato.
O Sinpro-DF conta um Coletivo dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência (Coletivo dos PcD) e trabalha para a acessibilidade de toda a comunidade escolar, pelo ensino em libras, assim como para que todos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais portadores de deficiência auditiva tenham acesso pleno ao trabalho, com condições estruturais e materiais.
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