Dia Internacional de Luta contra a LGBTQIfobia: uma data que precisa se repetir diariamente

No domingo (17/5), todos os países do planeta comemoram o Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia. A data não é apenas para celebrar a diversidade e contra o preconceito, mas de conscientização de que, no Brasil e no mundo, o tema precisa ser tratado com seriedade, urgência e responsabilidade. O Brasil é um dos países que mais discriminam e matam pessoas LGBTQI no globo.

Essa situação tem piorado muito nesse período de pandemia do novo coronavírus. Uma pesquisa inédita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que dos dez mil brasileiros entrevistados pelo coletivo “#VoteLGBT” e por pesquisadores da UFMG e Unicamp, 44% das lésbicas; 34% dos gays; 47% das pessoas bissexuais e pansexuais; e 42% das transexuais temem sofrer algum problema de saúde mental durante a pandemia do novo coronavírus. Divulgada no domingo (17), a pesquisa tem o objetivo de servir de base para elaboração de políticas públicas voltadas à população LGBT.

“Por causa do preconceito, do medo da violência, muitas pessoas LGBTQI vivem em alerta, com cautela, o que já as deixam vulneráveis à depressão, à ansiedade. Outra situação é que com o isolamento social, pessoas que vivem em casas nas quais há relações conflituosas sofrem muito mais”, disse o pesquisador e demógrafo da UFMG, Samuel Silva. O estudo revela ainda que 21,6% dos LGBTQI entrevistados estão desempregados enquanto o índice total no Brasil é de 12,2%, segundo o IBGE. “Esta primeira análise nos mostra que a vulnerabilidade sofrida pela população LGBTQI acaba ficando mais evidente durante a pandemia”, disse o pesquisador.

Um relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA) demonstra que o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTQI e também é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo. Levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) revela que a cada 19 horas, uma pessoa LGBT é morta no País.

Em 2019, 445 pessoas foram assassinadas no Brasil por serem LBGTQI. A Rede Trans Brasil, por sua vez, diz que a cada 26 horas, aproximadamente, uma pessoa trans é assassinada. A expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos. As conquistas desse grupo populacional são lentas e ocorrem devagar. Para se ter uma ideia dessa lentidão, somente em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que pessoas trans podem alterar seus nomes em cartório para que seus documentos coincidam com suas identidades.

Este ano, o 17M foi ainda mais profundo na defesa da identidade de gênero e no direito à vida. Em razão da pandemia do novo coronavírus, pessoas do mundo inteiro, bem como os movimentos LGBTQI, entidades dos movimentos social, sindical, estudantil, mulheres entre outros participaram, no domingo, da Marcha Virtual contra a LGBTfobia. As hashtags #JuntoscontraLGBTQfobia, #Festival17M e #NossasVidasNossasCores marcou todas as mensagens nas redes sociais. Até as 14h30, a hashtag #JuntosContraLGBTQfobia era o assunto mais comentado do Brasil com 49 mil menções no Twitter.

Como acontece todo ano, o Sinpro-DF também participou da Marcha Virtual contra a LGBTfobia. Contudo, está nesta luta desde sempre. A Secretaria de Raça e Sexualidade do sindicato tem atuado, há décadas, na promoção da igualdade de gênero e outros direitos. Por meio dessa secretaria, o sindicato não só acolhe as demandas de professores(as) e orientadores(as) educacionais LGBTQI, como fomenta atividades pedagógicas nas escolas sobre esse tema e contra a Lei da Mordaça (Escola sem Partido), esse último é um instrumento usado por fundamentalistas e neofascistas contra as liberdades individuais.

O dia 17 de maio foi escolhido como Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia em razão de, nesse dia, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter abolido a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). “Precisamos continuar lutando por um mundo sem preconceitos e LGBTfobia. Não há cura para o que não é doença. Precisamos continuar a luta por uma sociedade que respeite as diferenças e valorize a vida. Esta luta é de todxs nós”, afirma a diretoria colegiada do Sinpro-DF.