Dia Internacional da Mulher: a luta é por igualdade, dignidade e respeito

Há mais de um século, em junho de 1917, ocorria a 1ª greve geral do pais. Mas, o que muita gente não sabe é que foram as mulheres que iniciaram o movimento paredista. Eram operárias, da fábrica têxtil Cotonifício Crespi na Mooca, em São Paulo, que decidiram paralisar suas atividades para reivindicar aumento salarial e a redução das jornadas de trabalho. Naquela época, não existia nenhuma legislação que atribuísse quaisquer direitos às mulheres trabalhadoras.
Em algumas semanas, a greve se espalharia por diversos setores da economia, por todo o Estado de São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro e Porto Alegre. Era a primeira “greve geral” no país.
De lá para cá, a resistência feminina só se intensificou. Em 1932 foi a conquista do direito de votar. Em 1935, a eleição da primeira parlamentar. Depois, a lei do divórcio – considerada por muitas como uma carta de alforria – e, nós, mulheres, fomos, cada vez ,cavando com as próprias unhas, a custa de suor e sangue, o lugar que nos é de direito na sociedade. Nada nos foi dado, conquistamos cada degrau e agora estamos nas universidades, nos hospitais, nas fábricas, nas trincheiras, nas ruas, no Congresso Nacional, nos sindicatos e isso não deveria ser de se admirar. Pois, somos mais da metade da população brasileira e mãe da outra metade.
Mas, precisamos entender que esses espaços ocupados não são nossos exclusivos. Devemos ter a compreensão de que homens e mulheres necessitam caminhar juntos em busca de conquistas e reconhecimento. A luta das mulheres tem que ser uma luta de todos.
Portanto, hoje, no Dia Internacional da Mulher, não queremos somente receber flores. Queremos que lembrem da nossa história de luta e nos atribuam o respeito que merecemos. Que garantam a manutenção das nossas conquistas e nos ajudem a impedir que o golpismo usurpa nossos direitos, lese o futuro dos nossos filhos e destrua o nosso ideal de nação. É assim que queremos que esse dia seja lembrado, como o marco da resistência e luta de todas as mulheres mundo a fora.
* Artigo de Nilza Cristina Gomes dos Santos, diretora do Sinpro-DF, secretária de Formação da CUT Brasília, professora do GDF e historiadora.