Dia do Professor e da Professora: A luta pela educação pública de qualidade no DF
* Por Rosilene Corrêa
O Dia do Professor e da Professora é um momento de reflexão sobre a importância da educação e do papel essencial que esses profissionais desempenham na formação de cidadãos críticos e conscientes. No contexto do Distrito Federal, a luta do sindicato dos professores se destaca, reivindicando uma educação pública, gratuita, laica, libertadora e de qualidade socialmente referenciada. Essa batalha não é recente; suas raízes se entrelaçam com as lutas históricas por uma educação que realmente liberte.
Desafios e ataques à profissão
Nos últimos anos, a profissão de professor tem sido alvo de ataques sistemáticos que visam desqualificar não apenas a imagem do educador, mas também a própria educação pública brasileira. O desmonte das estruturas educacionais e a propagação de narrativas que desvalorizam o magistério refletem um projeto que não começou com o governo Bolsonaro, mas que se insere em uma longa trajetória histórica, desde a ditadura militar. Essa era buscou limitar o pensamento crítico e transformar o direito à educação em mercadoria, contribuindo para a formação de um país dependente e subserviente.
Essa desqualificação da educação e dos educadores se conecta a um projeto mais amplo da elite financeira e empresarial brasileira, que visa manter o Brasil em uma condição de colônia agrícola, servindo aos interesses do primeiro mundo. Ao desvalorizar a profissão docente, busca-se desarticular a capacidade dos educadores de formar consciências, transmitindo conhecimento e gerando novas ideias que poderiam desafiar essa ordem estabelecida.
A necessidade de valorização
É fundamental reconhecer que, para que a educação no Brasil alcance os resultados desejados, é imprescindível investir nos profissionais que a fazem acontecer. Centro do processo educativo, o estudante depende de professores valorizados para adquirirem conhecimento, pensamento crítico e terem uma formação cidadã. Por isso, é fundamental transformar esta ideia em realidade: sem uma valorização adequada, tanto em termos salariais quanto em reconhecimento e estrutura de trabalho, a categoria se torna desmotivada e desiludida.
Atualmente, muitos jovens se afastam da carreira docente, motivados pela percepção de desvalorização e pelas condições precárias de trabalho. Essa desmotivação é reflexo de um sistema que não investe no profissional, levando a uma queda na autoestima do professor e, consequentemente, na qualidade da educação oferecida.
Uma educação de qualidade
Para que o Brasil rompa com esse ciclo de desvalorização e se distancie do papel de fornecedor de recursos para o primeiro mundo, é vital que se construa uma escola pública e gratuita, equipada com infraestrutura adequada e que valorize seu corpo docente. É preciso garantir que os professores tenham não apenas salários dignos, mas também condições de trabalho que permitam o desenvolvimento profissional contínuo e a valorização de sua expertise.
Inspirando-se em pensadores como Paulo Freire, que defendeu uma educação que emancipe e liberte, devemos lutar por um sistema educacional que reconheça e valorize o papel do professor. A luta pela educação pública de qualidade é, portanto, uma luta pela dignidade de uma profissão que, embora fundamental para o desenvolvimento social e intelectual do país, tem sido historicamente menosprezada.
Neste Dia do Professor e da Professora, é essencial reafirmar a importância da valorização dos educadores e a necessidade de uma educação pública que realmente atenda às demandas da sociedade. O fortalecimento do magistério é um passo crucial para garantir que o Brasil não apenas se destaque no cenário global, mas também promova a justiça social e a equidade. É a hora de reconhecer que a valorização do professor e da educação pública é um investimento no futuro do nosso país.
* Rosilene Corrêa é professora aposentada da rede pública de ensino do Distrito Federal e diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e vice-presidenta do PT-DF.