"Democracia e Direitos: não abriremos mão!", por Meg Guimarães

A situação mundial está marcada pela crise do capitalismo. Na Grécia o povo resiste e diz não aos ditames da Troika (UE, FMI e BCE) que tem retirado conquistas e direitos trabalhistas e da previdência e vota em massa contra ajuste, mesmo se na sequência o primeiro ministro Tsipras, do Syriza recua.
O imperialismo dos EUA tenta retomar suas posições no continente ao retomar relações com Cuba para melhorar sua imagem no intuito de constituir uma liderança na dita “guerra ao terror”, que no fundo a única alternativa que lhe resta, que tende ao aprofundamento da crise econômica e política. O recado que dão ao continente é derrubar quem não se enquadrar em seu dispositivo e acatar as medidas contra a soberania das nações e os anseios do povo.
Quando o governo Obama diz que o governo venezuelano é uma ameaça à segurança nacional dos EUA, ele se posiciona claramente em favor dos golpistas, que fazem de tudo para desestabilizar o governo Maduro.
No Brasil, a ofensiva do imperialismo se manifesta com o ataque à Petrobras, quando Serra apresenta uma proposição para modificar modelo de partilha do Pré-sal, um mecanismo de soberania nacional que permite que as riquezas retiradas do solo sejam do povo, diferente do antigo modelo de concessão que entregava o petróleo às multinacionais assim que as retirassem do solo.
O imperialismo não tolera qualquer traço de soberania dos povos e faz de tudo para controlar as riquezas de outros países, por isso a operação “Lava-Jato” caiu como uma luva para os privatistas e entreguistas de sempre, que sonham em entregar a Petrobrás e o Pré-sal para as multinacionais.
A política econômica errada, adotada pelo Governo Federal, marcada pela alta taxa de juros, desindustrialização, cortes em áreas sociais, MPs 664 e 665, PPE, progressividade na Fórmula 85/95, desonerações e isenções fiscais, política de superávit primário, tem levado o país a um beco sem saída, num cenário de recessão que tente a aumentar o desemprego, o consumo e a crise.
Nesta situação de instabilidade política e econômica, está na ordem do dia, a defesa das organizações constituídas pela Classe Trabalhadora. Na verdade, hoje, mais do que nunca, os trabalhadores precisam de suas organizações (sindicatos, centrais sindicais, etc.) para defenderem seus direitos e conquistas históricas que estão sendo atacados.
Porém, a defesa da democracia não pode estar separada da defesa dos direitos sociais e da pauta de reivindicações dos trabalhadores. É, portanto, legítimo e necessário que os trabalhadores se concentrem na luta contra a deterioração das suas condições de vida e de trabalho, na luta contra o plano de ajuste fiscal comandado pelo Ministro Levy.
Desse modo, iremos às ruas no dia 20 de agosto – atendendo ao chamado da CUT e de vários movimentos sociais e populares de todo o país – para defender a democracia, mas também para combater os cortes, as demissões, para dirigir as nossas reivindicações à presidenta Dilma e aos governos estaduais e municipais (no caso aqui do DF, ao governador Rollemberg, que segue aplicando a política do ajuste fiscal e atacando direitos dos servidores do GDF). Temos clareza de que só colocando no centro as reivindicações dos trabalhadores, da juventude e da maioria da população poderemos assegurar a vitória da democracia contra o golpismo.
Afinal, para o povo, a democracia é o acesso ao emprego, à educação, à moradia, ao transporte público e à saúde. Ou seja, a defesa da democracia precisa estar associada à defesa dos direitos, e à exigência de mudança na política econômica do Governo. Em nossa opinião, são exigências vitais a derrubada dos juros e o fim do superávit primário – abaixo o Plano Levy-Renan!
Tomaremos as ruas no dia 20 de agosto, por direitos, democracia e por outra política econômica!
*Meg Guimarães é diretora do Sinpro e vice-presidente da CUT Brasília