Deflação é sinal de crise e de prejuízo para trabalhadores e servidores públicos

Na semana passada, durante uma entrevista ao Jornal Nacional, realizada na segunda-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou os “números fantásticos da economia” citando a deflação. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, previu que serão 3 meses de inflação negativa. Na quarta-feira (24), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15, que mede a inflação entre os dias 15 de julho e 15 de agosto, recuou 0,73%. Foi o menor resultado para o índice desde o início da série histórica do instituto, desde 1991.

Mas é importante estar atento(a) para as fake news com palavras e conceitos do mundo da economia. Não há o que comemorar. A festa com números é falsa. A deflação afeta negativamente a economia e quem paga a conta são os(as) trabalhadores(as) da iniciativa privada e, embora de forma mais amena, esse problema atinge também os(as) servidores(as) públicos(as). A deflação é um recuo nos preços ocasionado por vários fatores. No entanto, se num primeiro momento ela possa parecer uma coisa positiva, no fundo, é uma redução da massa monetária ou financeira motivada por algum problema, que pode gerar o não consumo, o desemprego, a redução na arrecadação de impostos e, conseguintemente, impedir reajustes salariais de servidores(as) públicos(as) estáveis.

“Ela afeta a população e, principalmente, os(as) trabalhadores(as) da iniciativa privada, mas reflete nos(as) servidores(as) também. Se, por um lado, ela reduz preços; por outro, ela sinaliza para o fato de que a economia não está bem. Em não estando bem, isso gera consequências. Uma delas é o efeito cascata. Ou seja, ela gera a diminuição do consumo, que ocasiona uma arrecadação menor de imposto, o que faz com que o governo passe a ter menos dinheiro para investir nos setores, como educação, saúde, segurança e trabalhadores(as) dessa área, ainda que do setor público, terão dificuldades terão dificuldades de obterem avanços remuneratórios. No setor privado, haverá perdas generalizadas, inclusive de empregos”, explica Cláudio Antunes, coordenador da Secretaria de Organização do Sinpro-DF.

Às vezes, como houve, recentemente, um recuo nos preços dos combustíveis, que é uma tentativa do governo federal para reeleger Jair Bolsonaro (PL) a presidente da República, ocorre uma redução de preços na cadeira produtiva. Mas também existe uma deflação ocasionada pelo não consumo. Ou seja, o não consumo faz com que os empresários reduzam os preços dos seus produtos ou pratique aquilo que a gente já explicou, que é a redução da quantidade do produto dele, em se tratando de alimentação, ou uma mudança na qualidade dos alimentos, como é o caso dos produtos laticínios, que os empresários mudaram os produtos que tinham o leite como referência e passaram a produzi-los com o soro ou com refugos que descartavam, muitas vezes impróprios para o consumo, ou seja, impuseram a perda da qualidade nos produtos para manterem a margem de lucro.

Quando ocorre a deflação, principalmente advinda do recuo do consumo, é considerada pelas economias mundiais como uma praga. Esse conceito, que compara com a “praga,” é aplicado porque as pragas, nas lavouras, elas corroem e destroem a lavoura. Assim, a deflação é chamada de praga da economia porque ela, dentre outras coisas graves, devora os empregos da classe trabalhadora, sobretudo quando perdura por um período mais longo.

IPCA-15 tem deflação de 0,73% em agosto perante 0,13% em julho

No entanto, há uma confusão de informações sobre o que ocorre na economia do País, justamente para favorecer o time do atual governo federal nas urnas em 2 de outubro. O jornal O Globo chama atenção para isso e titula uma matéria com a indagação: “Deflação? Quase 140 preços pesquisados pelo IBGE acumulam alta superior a 10% em um ano”. E prossegue: “Leite sobe 80% em 12 meses. Outros itens importantes no orçamento doméstico, como cebola e farinha de trigo, tiveram reajustes expressivos”.

Na matéria, O Globo informa que na média, os preços da economia podem até ter ficado no terreno negativo nos últimos 30 dias. “Segundo dados divulgados pelo IBGE, quarta-feira (24), o IPCA-15, que mede a inflação entre os dias 15 de julho e 15 de agosto, recuou 0,73%. Foi o menor resultado para o índice desde o início da série histórica do IBGE, em 1991”. Confira a matéria:

Esses são os números da deflação que Jair Bolsonaro, comemorou na entrevista que deu ao Jornal Nacional, na segunda-feira (22), como “números fantásticos da economia”, citando a deflação. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, previu que serão três meses de inflação negativa.

Mas o brasileiro que vai ao supermercado não sente isso no bolso. Vários itens importantes na cesta de consumo acumulam fortes altas nos últimos 12 meses. Do total de produtos pesquisados pelo IBGE, 135 itens sobem acima de 10% nesse período.

O leite, principal vilão da inflação o IPCA-15 de agosto, acumula alta de quase 80% (79,79%). A cebola subiu 56,57%. O feijão carioca, 33,99%. A farinha de trigo, 28,88%.

E mesmo quando se olha o comportamento dos preços apenas nos últimos 30 dias há altas expressivas. Dos produtos pesquisados pelo IBGE, 25 subiram acima de 3% em um único mês. Além do leite (14,21%), integram a lista manteiga (5,02%), batata-doce (5,19%) e frango em pedaços (3,08%).

SAIBA MAIS

Veja, abaixo, a lista dos produtos que mais subiram nos últimos 12 meses.

Leite longa vida: 79,79

Pepino: 78,61%

Melão: 64,16%

Morango: 60,49%

Cebola: 56,57%

Melancia: 50,93%

Manga: 47,88%

Óleo diesel: 37,28%

Alimento infantil: 34,49%

Feijão – carioca (rajado): 33,99%

Mamão: 33,84%

Repolho:29,82%

Maçã: 29,53%

Farinha de trigo: 28,98%

Seguro voluntário de veículo: 28,28%

Alface: 27,09%

Leite condensado: 26,67%

Banana-d’água: 25,62%

Macarrão instantâneo: 24,72%

Abobrinha: 22,79%

Maionese: 22,55%

Agasalho feminino: 21,49%

Farinha de arroz: 21,25%

Sabonete: 20,95%

Couve: 20,87%

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