Declarações do líder do governo Bolsonaro na Câmara são ataques diretos aos educadores do país
Em entrevista concedida à rede de televisão CNN Brasil, o líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal, Ricardo Barros (PP/PR), disse que não existe conectividade nas escolas brasileiras porque não existe demanda, já que as escolas não pedem a conectividade, e ainda falou que somente os(as) professores(as) não estão trabalhando durante a pandemia e que diretores de escola não entendem de informática.
Os argumentos usados pelo parlamentar causam um misto de vergonha alheia e repúdio, ainda mais se tratando de um líder do governo federal. Vergonha alheia pelo fato do deputado não conhecer o básico da vida de uma escola, dos trabalhos exercidos por um professor e da educação como um todo. E repúdio pelas mentiras e ataques desferidos a uma categoria que merece respeito e admiração; afinal de contas, é devido ao trabalho dos(as) educadores(as) que um cidadão pode almejar uma vida melhor e ajudar no crescimento e desenvolvimento de uma nação.
A ignorância deste deputado é tamanha que não consegue perceber o quanto os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais trabalharam e tem trabalhado durante a pandemia. Apesar de não estarmos trabalhando presencialmente, temos realizado várias atividades para a produção de aulas virtuais; produção de conteúdo para os(as) estudantes; rastreamento dos estudantes que não estão tendo acesso ao material (busca ativa); relatórios referentes ao acompanhamento dos alunos; a realização de aulas síncronas (aulas em tempo real); atendimento às famílias para tirar as dúvidas sobre o aprendizado; produção tanto de material físico, que será impresso para quem não tem internet, como de produção de aulas virtuais para colocar na plataforma (assíncronas); continuidade nos estudos (formação) para que possamos atender os estudantes da melhor forma, dentre várias outras atividades, todas com recurso do próprio professor.
Os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais estão realizando todo atendimento virtual (rotina totalmente nova no trabalho da categoria) apesar de toda precarização e da falta de ajuda por parte do governo. Os poucos projetos de lei que foram passados para o Congresso, exemplo do PL 3441/2020, que garantiria tablet e internet para alunos(as) e professores(as) da rede pública, foram vetados pelo governo.
O fato de não estarmos trabalhando de forma presencial é para não aprofundar o caos promovido pelo governo Bolsonaro. Se desde o início da pandemia o governo federal tivesse implantado uma política de combate à pandemia, com isolamento social, compra de vacinas e medidas de prevenção, hoje o Brasil não estaria com mais de 370 mil mortos e milhões de brasileiros infectados.
Temos sim, deputado, lutado pela derrubada do Veto Presidencial nº 10/2021, que tem impedido estados, DF e municípios de receberem cerca de R$ 3,5 bilhões em 2021 para as necessidades de oferta universal e de qualidade no ensino básico público do país, e pela busca de uma educação inclusiva, plural e de qualidade, ponto que oferecerá aos(às) nossos(as) estudantes, uma oportunidade melhor na vida.
Em contrapartida, vemos que o parlamento, liderado por deputados como o senhor, tentam aprovar o PL 5595/20, que tem como objetivo, sob o manto de classificar a educação como atividade essencial, retomar as aulas presenciais nas escolas brasileiras à força. Nesse momento de grave pandemia e ausência total de coordenação nacional no seu combate, essa posição do governo Bolsonaro explicita a intenção de continuar a matança do nosso povo.
O Sinpro repudia a fala do deputado Ricardo Barros (PP/PR), que desconhece totalmente a rotina de um professor e a importância da educação na vida de uma pessoa.
Informações retiradas da entrevista dada pelo deputado à CNN Brasil.
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