De olho em 22, gabinete do ódio atua para retirar de Bolsonaro a culpa pelas mais de 100 mil mortes

Ao contrário do que apregoa o gabinete do ódio instalado no Palácio do Planalto e seus seguidores, que tentam culpar prefeitos, governadores e até o Supremo Tribunal Federal (STF) pela tragédia sanitária que vem ceifando dezenas de milhares de vidas de brasileiros, a grande responsável pela evolução da pandemia de Covid-19 no País é a necropolítica do governo federal. 

São fartas as provas disso. Nesses 5 meses de pandemia, as mazelas do Palácio do Planalto levaram o País a registrar mais de 100 mil mortes por Covid-19 na primeira semana de agosto. Uma das provas dessa irresponsabilidade é o fato de o Ministério da Saúde, hoje ocupado por um general sem nenhuma formação na área médica e aparelhado por mais de duas dezenas de militares, depois de ter tido dos ministros exonerados, só ter investido 29% do orçamento destinado ao combate à pandemia.
 
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), obtida pela Folha de S. Paulo, revela que, desde março, mês em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia, o governo brasileiro criou uma ação orçamentária específica, prometendo o valor de R$ 38,9 bilhões para combater a crise. Até 25 de junho, R$ 11,4 bilhões vindos dos cofres federais foram gastos em ações contra a Covid-19.
 
O valor corresponde tanto ao dinheiro gasto diretamente pela Pasta da Saúde como ao que foi enviado a estados e municípios. O relatório feito a partir da auditoria do TCU mostrou que os estados receberam 39% da verba anunciada e, os municípios, 36%. Fora isso, desde o início da pandemia, que começou pelo dia 12 de março, Jair Bolsonaro vai às ruas sabotar o isolamento social, único recurso para evitar a expansão de uma virose letal, que ainda não tem remédio, tratamento e nem vacina.
 

BOLSONARO SABOTA ISOLAMENTO PARA ATENDER INVESTIDORES
Bolsonaro é culpado pelas mortes por causa de uma profusão de ações deliberadas para piorar a situação da crise sanitária. Dentre muitas atitudes para sabotar o isolamento, ele não investiu o dinheiro público na compra de testes, respiradores e demais equipamentos necessários ao combate à pandemia.

Tentou impedir várias vezes a ajuda emergencial aos trabalhadores que tinham de cumprir o isolamento social. Aprovou medida provisória que concedia ao patronato o direito de reduzir salários e demitir em massa durante a pandemia. Não fortaleceu as ações do Sistema Único de Saúde (SUS). Em todas as oportunidades, minimizou a gravidade da pandemia.

Desqualificou e contrariou as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), provocando aglomerações e deixando de usar máscara ou manter distanciamento social em agendas públicas. Após divulgar, em 7/7, ter recebido diagnóstico positivo para a Covid-19, manteve-se isolado no Palácio da Alvorada e seguiu propagandeando efeitos curativos da cloroquina, contrariando respeitados estudos nacionais e internacionais que questionam sua eficácia.

Em 12 de março, o que parecia ser uma situação sob controle, com o Ministério da Saúde adotando medidas para a contenção do vírus apenas dois dias depois de a OMS anunciá-lo como uma pandemia, a Pasta voltou atrás por pressão direta de Jair Bolsonaro e removeu do site todas as orientações sobre a quarentena. O MS voltou atrás, no dia seguinte, 13/3, na decisão de cancelar grandes eventos, deixando a medida apenas para áreas com transmissão local. A reviravolta, dada pouca atenção na época, marcou um ponto de virada no tratamento da crise pelo governo federal.

CORTINA DE FUMAÇA PARA “PASSAR A BOIADA”
Diferentemente de todos os presidentes de países do mundo, o próprio Bolsonaro foi às ruas sem máscara, convocar as pessoas a voltarem ao trabalho. Não deu um minuto de sossego. Convocou e mobilizou seus seguidores a participarem de diversas manifestações sem máscaras contra a ordem democrática do País. Sabotou o isolamento social de todas as formas possível e atrapalhou a atuação de todos os governadores, incluindo aí com retenção de verbas públicas para estados e municípios. Todos os dias, sem descanso, prejudicou o isolamento social e minimizou a tragédia sanitária que assola o Brasil.

Ele e sua equipe de ministros assumiram uma posição negacionista para usar pandemia para instalar o caos e “passar a boiada” nos bens públicos do Brasil, privatizando patrimônios nacionais, extinguindo direitos sociais e trabalhistas, invadindo Terras Indígenas (TI), queimando a Amazônia, assassinado lideranças indígenas e comunitárias, destruindo, em todos os setores, conquistas sociais. Ele usou a pandemia como cortina de fumaça para ninguém ver o fracasso generalizado de sua política econômica para banqueiros.

Para aprofundar e manter o caos por mais tempo possível, mudou o comando do Ministério da Saúde, líder tradicional em questões de saúde pública, para a Casa Civil, lidereada pelo general do Exército, Walter Souza Braga Netto. As mudanças foram impostas para fortalecer a tese de Bolsonaro de que a prioridade era “salvar a economia”. Ele não arredou o pé da posição, apesar “das críticas nacionais e internacionais ao tratamento da crise e do número de mortos em uma bola de neve”. A Reuters fez uma radiografia fidedigna da sucessão de erros cometidos pelo governo Bolsonaro que resultou na morte, em apenas 5 meses, de mais de 100 mil pessoas de Covid-19.

A agência afirma que, desde o primeiro registro de óbito, em 17 de março, o Brasil tem tido 14 óbitos por hora, em média. “O fracasso do governo Bolsonaro no combate à pandemia é chocante se comparar sua gestão da crise do novo coronavírus com as respostas eficientes de governos anteriores no combate à malária, ao zika e ao HIV. Segundo Albert Ko, professor da Escola de Saúde Pública de Yale, com décadas de experiência no Brasil, o sistema de saúde do país representava um sopro de luz para a população, mas “ver tudo se desintegrar tão rapidamente é muito triste”.

BOICOTE LEVA BRASIL A MILHARES DE MORTES
A sucessão de erros propositais do presidente Bolsonaro para atender a banqueiros e investidores levou o Brasil a chegar, no meio-dia desta quarta-feira (12), com mais um recorde diário de mortes por Covid-19. O País conta, segundo o último levantamento, feito ao meio-dia, com 103.421 óbitos registrados e 3.123.109 diagnósticos de Covid-19, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.

No Distrito Federal, de ontem para hoje, 53 pessoas faleceram da doença. Com isso, o número de falecimentos chega a 1.815, sendo 1.652 de moradores do Distrito Federal (DF) e 163 de pacientes de outras unidades da Federação. As previsões são de que, se o governo Jair Bolsonaro não iniciar uma atuação responsável no combate à pandemia, o Brasil vai chegar a duzentas mil mortes no fim da primeira semana de dezembro.

Ainda assim, diante de tantas provas da má-gestão e até sabotagem no tratamento da pandemia, o público eleitor de Bolsonaro não reconhece seus erros e começam, nas rede sociais, por meio do gabinete do ódio, a culpar governadores, prefeitos e o STF pela péssima administração da pandemia do Presidente. É bom lembrar que, graças ao STF, prefeitos e governadores, o Brasil ainda não chegou às duzentas mil mortes em 5 meses de pandemia.

MÁ-FÉ DO GABINETE DO ÓDIO PARA GANHAR ELEIÇÃO EM 2022

O gabinete do ódio e de seus seguidores tentam atribuir a outros os erros propositais de Jair Bolsonaro de olho nas eleições de 2022. É possível verificar a deturpação dos fatos nos comentários da matéria publicada pelo Correio Braziliense sobre as críticas que a ministra Carmen Lúcia, do STF, fez, na terça-feira (11), quando ela participou de um seminário virtual sobre democracia, realizado pelo Instituto dos Advogados Brasileiros.
 
Na ocasião, ela afirmou que “100 mil mortos por coronavírus é uma tragédia” e criticou a desigualdade no País, o aumento do desemprego, que atinge 15 milhões de brasileiros, em 2020, e o crescimento da população de rua. Disse ainda que os meios virtuais são usados para atacar determinadas manifestações de pensamento.
 
“100 mil mortos é uma tragédia. 100 mil mortos não precisava ter acontecido, em que pese ser fato que este coronavírus é realmente uma doença grave e que acometeria muita gente. Mas foi uma atuação estatal, aliada a uma atuação em parte de uma sociedade perplexa, aturdida diante de tantos desmandos, de tanta falta de orientação segura, seguindo-se a ciência e a medicina de evidências que nos levou a um fim de semana de luto. Portanto, luto que impõe luta permanente pela democracia”, afirmou a ministra.

Clique no link a seguir e confira a matéria com a ministra Carmen Lúcia

“100 mil mortes não precisava ter acontecido”, diz Carmén Lúcia