CUT realiza 8º Encontro de Mulheres em Brasília

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A paridade entre dirigentes nas entidades sindicais foi uma das principais deliberações do 8º Encontro Nacional de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizado Brasília, entre os dias 27 e 29 de março. Ficou conhecido como “Encontro da Paridade” porque as lideranças sindicais feministas de todo o país e de vários ramos profissionais exigiram que a CUT assumisse a paridade como forma de relação democrática e de consolidação da igualdade entre homens e mulheres nos espaços de poder e de decisão.
Com a paridade, todas as chapas inscritas para as direções estaduais e nacional da Central e dos sindicatos ligados a ela devem ter, obrigatoriamente, 50% de homens e 50% de mulheres. O desafio agora é levar essa ideia para o mercado de trabalho, bem como para os cargos políticos eletivos nas três esferas de poder e nos Três Poderes do Estado.
Nas entidades sindicais, as chapas que não preencherem esse percentual não poderão ser inscritas para concorrer à eleição. Com 380 delegadas e 450 participantes, o encontro foi realizado no Bay Park Resort. “As mulheres cutistas, na organização interna da Central, conquistaram o direito à paridade. Mas o nosso maior desafio é instituir o debate da reforma política com lista alternada de gênero e do financiamento público de campanha na sociedade. Outro desafio é pautar a obrigatoriedade dos partidos de promover e financiar a formação política das mulheres. Temos de ter a coragem de desconstruir a cultura machista do poder no Brasil”, disse Eliceuda França, diretora de Mulheres do Sinpro-DF e secretária de Mulheres da CUT Brasília.
Mulheres querem a paridade efetiva e condições objetivas para atuar
Durante o debate sobre a paridade, as participantes definiram que não querem paridade como número apenas. “Queremos condições objetivas para atuar no movimento sindical. E quando falamos em condições, estamos dizendo que a CUT deve incorporar esta luta no seu dia a dia, porque essa não é uma luta só de mulheres, é uma luta da Central”, afirma Rosane Silva, secretária Nacional de Saúde do Trabalhador e presidenta da Internacional de Serviços Públicos (ISP).
Ela afirma que as mulheres representam mais de 50% da classe trabalhadora, mas em condições diferenciadas. “Em pleno século XXI, ainda há opressão em todos os espaços e, no espaço do trabalho produtivo, é onde ela mais persiste”, assegura. A sindicalista destacou que o sindicato também deve assumir o papel de defensor dos direitos das trabalhadoras e reverter esse quadro.
“Um sindicato e uma central sindical que pensam sua pauta política e de ação sem incorporar o tema da opressão às mulheres, não estão representando toda a classe trabalhadora. O tema da igualdade salarial é tão importante quanto o aumento real de salário. Por isso, as mulheres precisam estar nos espaços de negociação coletiva. É preciso preparar as mulheres para que elas possam estar na mesa de negociação”, disse.
Eliceuda completa o pensamento de Rosane ao afirmar que “quando nós, mulheres trabalhadoras, nos organizamos, temos mais possibilidades de ampliar direitos, por isso o desafio da CUT é o de organizar as mulheres, na cidade e no campo, para cobrar dos governos políticas públicas de emprego, educação, saúde, garantindo, assim, a autonomia da mulher”.
Além da paridade, as mais de 600 sindicalistas cutistas de todas as unidades da Federação, de diversas categorias e ramos de atividade econômica discutiram temas como democratização do Estado, reforma política e democratização dos meios de comunicação, bem como temas relacionados às lutas históricas da pauta feminista, como a presença das mulheres no mercado de trabalho e a situação das mulheres negras.
Esses temas foram coordenados pela presidente da CUT Maranhão, Adriana Oliveira, e pela secretária de Comunicação da CUT Nacional, Rosane Bertotti, que destacou: “se queremos fortalecer a democracia e fortalecer a luta das mulheres, a luta da democratização da Comunicação é uma luta chave”.
A luta ainda é por direitos sociais e trabalhistas
“A atual conjuntura nos chama para a rua em defesa dos direitos sociais da classe trabalhadora. Não podemos permitir que o Congresso Nacional aprove qualquer medida que coloque na conta dos(as) trabalhadores(as) a conta da crise do capitalismo. Se é para alguém pagar, que sejam os ricos do país. Qualquer medida que retire direitos nos compromete a nós mulheres diretamente que nos encontramos na base da pirâmide social, com menores salários e empregos mais precarizados”, disse Vilmara Carmo, diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro-DF.
A abertura do 8º Encontro de Mulheres da CUT contou com a presença da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci; Vagner Freitas, presidente da CUT; Rosane Silva, secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT; Amanda Villatoro, secretária de Política Sindical e Educação da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas; Carmen Foro, Sandra Cabral e Luci Paulino, ex-coordenadoras nacionais da CNMT/CUT e representantes de entidades parceiras.
“A abertura traduziu a história da luta de gênero na Central. A luta por cotas, por paridade; as ações desde as coordenações até as secretarias de mulheres; as lutas de gênero na pauta da classe trabalhadora. Esse resgate nos faz refletir sobre o quanto caminhamos para tomar o impulso e o quanto precisamos caminhar por igualdade, liberdade e autonomia no mundo do trabalho”, afirma Neliane Cunha, diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro-DF.