CUT e mobilização dos trabalhadores são essenciais para barrar a direita

O Procurador da República responsável pela Operação Lava Jato anunciou que as investigações em curso irão até 2017. E que, por enquanto, o ex-presidente Lula não é alvo das investigações. Esse pronunciamento, na sua forma e conteúdo ratifica a narrativa dos acontecimentos verificados até a presente data e reforça a hegemonia da mídia corporativa familiar, que com um discurso invariante, centrado no combate a corrupção, escolhe a dedo os seus alvos, o dia e a hora em que estes serão abatidos.
Sob os olhos e cuidados de parte do poder judiciário, do MPF e da PF, se ergue um “estado de direito particular”, que dita ritos e leis próprias cuja missão histórica consiste em encarcerar os agentes políticos e empresariais que se atreveram a propor e realizar um projeto de desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda arraigado nos mais legítimos anseios da nação brasileira.
Articulado com cada fase da Operação Lava Jato, a maioria de direita no Congresso Nacional apresenta projetos que retiram do Estado Brasileiro e da Petrobras as amarras constitucionais sobre a propriedade e o controle do petróleo do pré-sal. Todo o complexo industrial ligado ao pré-sal pode ser destruído, tais como os centros tecnológicos de excelência financiados pela Petrobras, a indústria naval, da construção civil pesada e até mesmo a de defesa e segurança estão em jogo.
O poder executivo, por sua vez, deu uma guinada brusca em direção ao ajuste fiscal. As medidas provisórias que trataram do seguro-desemprego e das pensões previdenciárias desarmaram aliados históricos. A agenda positiva do pacote de concessões foi imediatamente enterrada com as prisões dos donos da Construtora Odebrecht e Camargo Correia. A luta travada pela AGU e CCJ contra as decisões do juiz Moro e TCU recrudesce. Se as empresas pessoas jurídicas forem de alguma forma “condenadas”, outras dezenas de milhares de empregos se somarão àquelas já contabilizadas pelo Cajed. O cerco ao BNDES ainda é tímido, mas tende a se acentuar. Se for realizado com sucesso a estratégia estará completa e o endividamento público externo tenderá a crescer exponencialmente. Nesse caso, a porta do FMI é logo ali, em 2018.
E, dessa forma, a agenda neoliberal é resgatada, pouco a pouco, rebrotando como erva daninha, em quase todas as unidades da federação, no próprio Congresso Nacional e nas decisões do STF.
O desejo geral da esquerda é ver concretizar o revezamento presidencial Lula-Dilma-Lula. A isto a direita e seus aliados internacionais respondem com uma política de destruição e do caos. E para tanto não hesitaram, por um segundo sequer, em despertar e dirigir os piores instintos humanos que a história designa como fascismo, racismo, intolerância religiosa, repulsa a partidos e sindicatos.
É preciso enfrentar essa conjuntura adversa e a onda conservadora que vem tomando conta da pauta política brasileira com proposições. É preciso fortalecer na classe trabalhadora o sentimento pela necessidade de constante mobilização. É preciso disputar as ideias da sociedade e convencer que o melhor caminho é mais democracia, mais inclusão, mais igualdade, mais direitos e não o retrocesso.
E é nas ruas, com muita luta, disputando com a direita e o mercado os rumos do governo, que continuaremos promovendo as mudanças necessárias para que o Brasil seja um lugar justo e com menos desigualdade social. E a CUT tem o acúmulo político para fazer esse enfrentamento.