CUT debate estratégias para a Copa
A Central Única dos Trabalhadores e várias Confederações Nacionais de Trabalhadores orgânicas à CUT, como as da Construção e da Madeira (Conticom), Comércio e Serviços (Contracs), Serviço Público Municipal (Confetam) e Vestuário (CNTV) se reuniram quinta-feira (29), no Hotel Excelsior, na capital paulista, com o objetivo de tomar medidas para que a realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 se traduza em trabalho decente com geração de empregos de qualidade.
“Vamos batalhar para garantir a participação dos trabalhadores no comitê gestor da Copa, dialogando com a Fifa e com o Ministério dos Esportes para garantir contrapartidas sociais aos investimentos públicos que serão realizados, a fim de assegurarmos mais e melhores empregos”, declarou o presidente da CUT, Artur Henrique. Para tanto frisou a necessidade da representação dos trabalhadores nos Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), do Fundo de Garantia (FGTS), do BNDES e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para que se tenha uma ação coordenada e bastante definida para traduzir em melhorias sociais os recursos investidos.
Segundo previsões do governo federal os impactos econômicos com a realização da Copa podem atingir o volume de R$ 183, 2 bilhões, dos quais R$ 47, 5 bilhões (26%) são impactos diretos e R$ 135, 7 bilhões indiretos (74%). Neste ano, na África do Sul, o impacto foi de apenas 0, 5% no PIB, com muitas críticas aos investimentos realizados. Muitos dos estádios não poderão ser utilizados pelo alto preço da manutenção, proibitivo para os clubes locais.
Defendendo a necessidade de ampliar os espaços e mecanismos de diálogo social a respeito das obras da Copa de 2014, “envolvendo governos, empregadores e trabalhadores para que seja firmado uma espécie de protocolo com vistas a materializar o acordado”. “Devemos aproveitar a oportunidade para garantir aos trabalhadores envolvidos cursos mantidos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) de longa duração, para proporcionar uma efetiva qualificação profissional em áreas essenciais como a construção civil e o comércio e serviços”, exemplificou o líder cutista, para quem os gargalos existentes devem ser sanados de forma tripartite, com ações envolvendo governos, empresários e trabalhadores.
Uma das prioridades da central no período, frisou Artur, será uma articulação mais ampla com o movimento sindical e social das doze cidades-sede escolhidas pela Fifa: Salvador-BA, Recife-PE, Natal-RN, Manaus-AM, Fortaleza-CE, Cuiabá-MT, Brasília-DF, Porto Alegre-RS, Belo Horizonte-MG, São Paulo-SP, Rio de Janeiro-RJ e Curitiba-PR.
Para a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Denise Motta Dau, deve estar claro para os sindicalistas que o montante de investimentos em infraestrutura – mobilidade urbana, estádios, hotelaria, investimentos em projetos para reforma de aeroportos e portos, segurança, tecnologia da informação dentre outros, poderá ter um impacto econômico e social maior ou menor, a depender da intervenção do movimento social organizado. “Esse volume de investimentos, com certeza impactará na geração de empregos que, pelas previsões podem atingir o número de 330 mil permanentes e 380 mil temporários. Sem contar com o incremento do turismo, aumento do consumo das famílias, arrecadação pelo Estado”, ressaltou.
De acordo com o secretário geral da CUT, Quintino Severo, o eixo da intervenção em relação ao tema já está delineado na Plataforma da CUT para as eleições. ”Valorização do trabalho; igualdade, distribuição de renda e inclusão social; Estado democrático com caráter público e participação ativa da sociedade são eixos orientadores para nossa intervenção. Daí a importância dos trabalhadores estarem representados no debate da Copa, na gestão e implementação deste importante projeto”, frisou.
Na avaliação do secretário de Organização da CUT, Jacy Afonso, este também será o momento de potencializar reivindicações específicas de algumas categorias, como a dos aeroportuários e da construção civil. “No caso específico da Conticom, a luta deverá ter
Coordenador do Escritório de Brasília e membro da executiva nacional da CUT, Antonio Lisboa, durante a reunião em São Paulo, deu um relato de sua viagem à África do Sul, onde debateu com lideranças sindicais locais sobre os impactos deixados pela recente realização da Copa do Mundo. “A principal reclamação dos trabalhadores foi com relação à atuação da Fifa, que instalou um verdadeiro estado paralelo em todas as cidades-sede, o que prejudicou enormemente o comércio informal e a própria circulação da população local”. Segundo Lisboa, o comércio informal foi afastado a um raio de um quilômetro dos estádios, das avenidas de acesso e até dos parques municipais, onde só podiam ser vendidos ou anunciados produtos licenciados pela organizadora do evento. Na avaliação dos presentes, e também a partir de uma conversa com uma pesquisadora da Universidade da Cidade do Cabo, relatou, “deu para verificar que as obras de infraestrutura que beneficiarão de forma permanente a população das cidades foram muito poucas”. “Em Johannesburgo foi implantada uma linha de metrô ligando o aeroporto ao centro da cidade; em Porto Elizabeth, foi construída uma faixa exclusiva para ônibus e vias de acesso à cidade. Obras que, de acordo com as lideranças sindicais, representam muito pouco em relação aos custos da construção dos estádios”, destacou.
Representante da Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS), Ari Aloraldo disse que a experiência da economia solidária pode ser aproveitada na Copa de 2014 e deu um breve informe sobre as ações que vêm sendo desenvolvidas para a conformação o de uma central de comercialização e serviços dos produtos do segmento.
Com informações do site da CUT