CUT de Mato Grosso do Sul denuncia genocídio indígena para o mundo em Congresso Nacional
Nessa quarta-feira (14), a delegação cutista de Mato grosso do Sul, que está participando do 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo, vestiu, literalmente, camisetas pretas e dizeres sobre o genocídio de 390 lideranças indígenas em doze anos e denunciando a situação indígena no estado.
De acordo com o presidente da CUT de MS, Genilson Duarte, a delegação denuncia, mais uma vez, indignada, que em Mato Grosso do Sul, uma parte dos fazendeiros e seus jagunços tem atuado, através de milícias armadas, que, em menos de um mês, desferiu doze ataques paramilitares contra o povo Guarani Kaiowá. ” Nos últimos 12 anos, ao menos 585 indígenas cometeram suicídio e outros 390 foram assassinados em MS. O estado tem 23 milhões de bovinos que ocupam aproximadamente, coincidentemente, também, 23 milhões de hectares de terra, isso quer dizer 1 hectare por animal.
Enquanto isso, com a morosidade e a paralisação dos processos de demarcação, os cerca de 45 mil Guarani Kaiowá, continuam espremidos em apenas 30 mil hectares de suas terras tradicionais”, afirma.
Para a vice-presidente da FETEMS, Sueli Veiga Melo, não tem como fechar os olhos neste momento. “Nós dos movimentos sociais e sindicais de MS temos responsabilidade de lutar pelas minorias e hoje, não existe, uma minoria mais massacrada do que os povos indígenas, em MS, a situação está desumana e agora estamos aqui, unidos, denunciando para o mundo a realidade em que vivem os nossos irmãos”, disse.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul, Alexandre Júnior Costa, o momento é de denunciar os absurdos do estado, como, por exemplo, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na Assembleia Legislativa, para investigar o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). “A existência de uma entidade, respaldada pela igreja católica, que visa defender os nossos irmãos indígenas e os seus direitos é inconcebível para os reacionários que só visam o lucro e nunca a construção de um Brasil mais justo, respaldado na igualdade e na solidariedade. Essa ação é uma clara tentativa de criminalização dos movimentos sociais que defendem as minorias”, ressalta.
Já para Fátima Silva, sul-mato-grossense, secretária de relações internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), vice-presidente da Internacional da Educação para a América Latina, o momento foi fundamental para denunciar essa situação para o mundo todo. “Estamos com 230 delegados internacionais no Concut, que representam as mais diversas federações, confederações e organizações espalhadas pelo mundo todo, de maneira organizada, com documentações dos fatos, a delegação de Mato Grosso do Sul cumpriu um papel fundamental ao denunciar mundialmente a realidade dos povos indígenas do nosso estado”, conclui.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi uma das entidades que recebeu a documentação da delegação de MS e se comprometeu a olhar para a situação dos povos indígenas.
A delegação cutista de MS é composta por diversos ramos, como educação, alimentação, metalúrgicos, saúde, construção civil, comunicação, trabalhadores municipais, entre outros.
O Concut, cujo tema é “Educação, Trabalho e Democracia”, ocorrerá até o dia 16 de outubro, no Palácio de Convenções do Anhembi, na zona norte da capital paulista.