CPI conclui que corrupção no GDF começou há dez anos

O Relatório final da CPI da Corrupção foi aprovado nesta quarta-feira (25). O relatório final da Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal também aponta esquema de desvio de verbas. O plenário estava vazio, só com quatro deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório final, lido pelo deputado Paulo Tadeu, do PT, foi aprovado por unanimidade pelos outros três parlamentares, antigos aliados do ex-governador José Roberto Arruda. O texto aprovado sofreu alterações. Depois de conversas ao pé do ouvido, os parlamentares entenderam que não havia provas de que alguns deputados receberam dinheiro para aprovar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial, o PDOT. Nem que o empresário Osório Adriano e o deputado distrital Geraldo Naves tenham participado do suposto esquema de corrupção. Foi mantida a recomendação de indiciamento de vinte e duas pessoas: José Roberto Arruda, Paulo Octávio, Joaquim Roriz, Benjamin Roriz, Domingos Lamóglia, Omézio Pontes, José Geraldo Maciel, Welligton Moraes, Fábio Simão, Marcelo Toledo, Marcelo Carvalho de Oliveira, Luiz Paulo Costa Sampaio, José Humberto Pires, Fernando Antunes, Gibrail Gebrin, Roberto Giffoni, Ricardo Penna, Gilberto Lucena, Maria Cristina Boner, Eurides Brito, Leonardo Prudente e Júnior Brunelli. Eles teriam praticado 17 crimes, entre eles, formação de quadrilha, corrupção, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Para a CPI, não há dúvidas de que a corrupção era generalizada nos órgãos do GDF desde 1999. Por isso, o relatório recomenda vários mecanismos de controle e fiscalização, entre eles, mudanças nas normas de contratação de empresas e suspensão dos pagamentos às que estariam envolvidas no suposto esquema de desvio de dinheiro. O documento vai ser enviado para a polícia, Ministério Público e para o Supremo Tribunal de Justiça. Caixa de Pandora Alguns desses nomes aparecem também no relatório final da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O relatório traz duas planilhas encontradas no computador do ex-chefe da Casa Civil do GDF, José Geraldo Maciel. Segundo a polícia, as anotações são indícios de recebimento de propina por parte de parlamentares para a aprovação do plano de ordenamento territorial, o PDOT. Entre os deputados citados, alguns aparecem com um número na frente. Caso do bispo Renato, que aparece com o número 1, 6. Dr. Charles, Cristiano Araújo e Eliana Pedrosa que aparecem com o número 2. Geraldo Naves está ao lado do número 1, 6. Raimundo Ribeiro, Rogério Ulysses e Rôney Nemer estão ao lado do número 2. Com o número 4, aparecem Aylton Gomes, Batista das Cooperativas, Benedito Domingos, Júnior Brunelli e Eurides Brito. Em uma segunda lista, aparecem nomes de deputados com um “ok” na frente e um xis, que indicaria aqueles com quem o ex-chefe da casa civil já teria falado. Durval Barbosa, o delator do suposto mensalão, contou à polícia que os deputados receberam R$ 420 mil para aprovar o PDOT. A participação de deputados não se encerra aí. Gravações mostram que pelo menos oito deputados – alguns que são novamente candidatos – receberam propina em troca de apoio político. São eles: Aylton Gomes, Rôney Nemer, Eurides Brito, Leonardo Prudente, Júnior Brunelli, Benedito Domingos, Benício Tavares e Rogério Ulysses. Com o relatório pronto, cabe agora ao Ministério Público Federal decidir se vai oferecer denúncia ao STJ contra os citados pela polícia. Por outro lado, o delegado do caso pediu autorização para ampliar as investigações. Ele quer abrir inquéritos individuais para cada um dos envolvidos. Respostas Bispo Renato e Doutor Charles negam as acusações. Cristiano Araújo disse que o relatório é irresponsável e que quer prejudicá-lo politicamente. Eliana Pedrosa disse que não participou das votações do PDOT, na época era secretária de Desenvolvimento Social. Geraldo Naves disse que ainda não teve acesso ao relatório e não vai se pronunciar. Raimundo Ribeiro disse que no relatório o delegado afirma que “não pretende atribuir conduta criminosa a partir tão somente das inscrições”. Rogério Ulysses disse que nada foi encontrado nas buscas feitas na casa dele nem no gabinete parlamentar e que ele não foi indiciado pela PF. Rôney Nemer, Batista das Cooperativas, Eurides Brito e Júnior Brunelli disseram que não vão se pronunciar sobre as acusações. Aylton Gomes informou que o relatório o inocenta. Sobre o PDOT, disse que nem era deputado na época da votação e sim administrador de Planaltina. Benedito Domingos também disse que não participou da votação do PDOT e que e vai se defender na Justiça. Leonardo Prudente não respondeu às nossas ligações. Benício Tavares disse que na lista o nome dele não tem nenhuma referência a valores ou marcações. Roberto Giffoni disse que nunca participou de nenhum esquema de corrupção no GDF. José Roberto Arruda, José Reraldo Maciel, Ricardo Penna, Omézio Pontes, Benjamin Roriz, Domingos Lamóglia e Fábio Simão não foram encontrados pela nossa reportagem. Sobre o relatório final da CPI, Paulo Octávio respondeu que ainda não teve acesso ao relatório, por isso, não vai se pronunciar. A assessoria de Joaquim Roriz respondeu que “é oportunista um integrante do PT fazer insinuações como essa às vésperas das eleições, esquecendo que os contratos com a Codeplan e com o ICS começaram no governo do Partido dos Trabalhadores”. Welligton Moraes respondeu, por meio do advogado, que não vai se pronunciar sobre o relatório da CPI porque não teve acesso ao material. O advogado de Marcelo Toledo disse que ele não integra nenhuma organização criminosa e que o equívoco será esclarecido em juízo. O advogado de Marcelo Carvalho disse que não houve indiciamento do seu cliente. Maria Cristina Boner não retornou nossas ligações. Luiz Paulo Costa Sampaio, José Humberto e Gibrail Gebrin não foram localizados pela TV Globo. Fernando Antunes e Leonardo Prudente não atenderam às nossas ligações. Gilberto Lucena disse que “é vítima nessa história toda”.
Com informações do site Orçamento Transparente