Covid-19 | Programa de vacinação do DF não garante imunização dos trabalhadores da educação antes do início do ano letivo

A vacinação contra a Covid-19 no Distrito Federal terá início nesta terça-feira (19/01). Entretanto, as 105.960 doses do imunizante que chegou ao solo da capital federal nesta segunda-feira (18/01) estão bem abaixo do número de pessoas inseridas no grupo prioritário para imunização. Além disso, o Plano Estratégico e Operacional de Vacinação contra a Covid-19 da Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF) não especifica quais locais estarão credenciados para realizar a vacinação emergencial, prevista em quatro fases, com trabalhadoras/es da educação na última delas.

De acordo com levantamento feito pela Secretaria de Saúde do DF, só na primeira fase da vacinação, estão registradas quase 190 mil pessoas. 101.996 são trabalhadoras/es de saúde, 80.950 pessoas com 75 anos ou mais e 6.568 pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituição de acolhimento ou asilos.

“O início do ano letivo está previsto para o dia 8 de março. Membros da Secretaria de Educação do DF têm dado entrevistas dizendo que o retorno das aulas será de forma híbrida, ou seja, presencial com adaptações. Até lá, os trabalhadores da educação estarão vacinados? Nossa reivindicação é para que estejamos vacinados antes do início do ano letivo”, afirma o diretor de Imprensa do Sinpro-DF Cláudio Antunes.

Em entrevista coletiva realizada nesta segunda, o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, reafirmou que a imunização iniciará pelos servidores da saúde, incluindo trabalhadores terceirizados que atuam no setor. Ele ainda disse que o principal hospital é o Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

A SEE-DF ainda recomendou que trabalhadores da área de saúde sejam vacinados nas instituição onde trabalham. Pessoas com 75 anos ou mais e pessoas com 60 anos ou mais que estão em instituição de acolhimento ou asilos, e também compõem o primeiro grupo a ser vacinado, deverão aguardar contato da pasta. Até agora, não houve publicação de nenhum documento indicando o início desse contato e como ele será feito.

No item que trata sobre logística para a distribuição de vacinas, o Plano Estratégico e Operacional de Vacinação contra a Covid-19 do DF afirma apenas que “o Núcleo de Rede de Frio (responsável pelo estoque dos imunobiológicos) seguirá o cronograma de distribuição do MS (Ministério da Saúde) e esse quantitativo será distribuído às regiões de saúde conforme meta populacional a ser vacinada mais incremento”.

De acordo com o documento, a Rede de Frio será responsável por operacionalizar toda a logística de vacinação contra a Covid-19. “Será enviado a todos os núcleos de vigilâncias epidemiológicas das regiões de saúde o planejamento solicitando a necessidade de vacinas, seringas, insumos necessários à vacinação e materiais gráficos e de escritório, bem como informações do quantitativo de servidores, a necessidade de motoristas e a relação dos postos de vacinação para a rotina”.

“É necessário transparência total de todo processo de vacinação contra a Covid-19 no DF. Esse é um direito da população. Só assim saberemos se o processo ocorre de forma justa e equânime. Isso é o mínimo que o governo pode apresentar às pessoas que estão diante de uma doença que já matou quase 210 mil pessoas. Se temos pouco mais de 106 mil doses e quase 190 mil pessoas no grupo da primeira fase de vacinação, como vamos fechar essa conta? Qual posto de saúde essas pessoas deverão ir? Os idosos serão vacinados por mês de nascimento? São muitas questões pendentes e que trazem ansiedade em um momento de medo”, Cláudio Antunes.

Prioridade
Após pressão da categoria (leia nota), trabalhadoras/es da educação voltaram a fazer parte do grupo prioritário para a vacinação contra a Covid-19 no plano distrital de vacinação. Com a alteração, o setor que havia sido excluído pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Imunização voltou a fazer parte do grupo prioritário e está na quarta fase do programa de imunização. Entretanto, a ausência de informações mais consolidadas sobre o plano ainda gera dúvidas e receio junto à categoria.

Pelo plano distrital de vacinação, profissionais da saúde, pessoas maiores com 75 anos ou mais e idosos com 60 anos ou mais que estão em instituição de acolhimento ou asilos estão na primeira fase de vacinação.

Na segunda fase, entra o grupo de pessoas com idade de 60 a 74 anos. Pessoas com comorbidades, como obesidade grave, diabetes e hipertensão arterial, estão na terceira fase. Na quarta fase, além de professores, estão profissionais de forças de segurança e salvamento.

Início da vacinação
Mônica Calazans foi a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19. A mulher, negra e enfermeira, tomou a primeira dose do imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan, vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), nesse domingo (17), em São Paulo, onde reside e trabalha. A trabalhadora está no grupo de risco por ser obesa, hipertensa e diabética, mas mesmo assim optou por não parar de trabalhar.

A indígena Vanusa Kaimbé, de 50 anos, da comunidade Massacará, na cidade de Euclides da Cunha, no norte da Bahia, foi a segunda pessoa a ser vacinada. Ela é técnica de enfermagem e assistente social. Outros 110 profissionais da saúde também foram vacinados no estado de São Paulo.

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que não compraria a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. No último mês de outubro, ele chegou a suspender um acordo entre o Ministério da Saúde e o Butantan para a compra de 46 milhões de doses da vacina. Diante da pressão popular, logo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial do imunizante, Bolsonaro, sem muito vigor, disse que “a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador”, se referindo ao governador de São Paulo, João Dória.

Entretanto, Bolsonaro voltou a fazer movimentos que mostram dubiedade quanto ao amplo apoio à vacinação com a CoronaVac. Nesta segunda-feira (18), ele disse em vídeo publicado pelo filho e vereador Carlos Bolsonaro para que as pessoas não desistam do “tratamento precoce” contra a Covid-19. Tal “tratamento” é composto por medicamentos com invermectina e cloroquina, que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19. No vídeo, o presidente do Brasil ainda questiona a eficácia da vacina que traz a saída para a pandemia que persiste há mais de 11 meses e já matou quase 210 mil pessoas em todo o país.

 

 

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