Corte em verba da merenda escolar é mais um ataque do governo federal à educação e às crianças

Um relatório global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado em 2014, revelou que o Brasil havia saído do Mapa Mundial da Fome. O relatório mostra que o Indicador de Prevalência de Subalimentação, medida empregada pela FAO há 50 anos para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional, atingiu, no Brasil, nível menor que 5%, abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da fome. Passados oito anos, a boa notícia, infelizmente, não faz mais parte da rotina do brasileiro.

Além do número de brasileiros que hoje estão na extrema pobreza, o governo de Jair Bolsonaro tem alastrado a fome para dentro das escolas. Com a verba federal sem reajuste desde 2017 (governo Michel Temer) e a inflação dos alimentos cada vez mais alta, relatos de racionamento e cortes de merenda escolar se multiplicam pelos quatro cantos do Brasil. Em algumas escolas, um ovo é dividido para quatro crianças e itens básicos, como arroz e carne, são retirados do cardápio. Em outro exemplo de crueldade, no Distrito Federal alunos(as) têm as mãos carimbadas para não repetirem a merenda escolar. É importante ressaltar que por conta deste cenário de fome, muitas crianças vivem em insegurança alimentar e muitas delas têm a sua principal alimentação na escola.

A triste realidade é fruto do veto de Jair Bolsonaro, que em agosto não reajustou a verba da merenda escolar com correção pela inflação, mesmo sendo aprovado pelo Congresso. Segundo o governo, a justificativa foi que isso poderia drenar verbas de outros programas e estourar o teto de gastos. É importante lembrar que a responsabilidade de custeio é da União, Estados e municípios, mas a participação federal é importante, principalmente em cidades pobres.

O veto de Bolsonaro à alimentação escolar se torna ainda mais cruel diante da crise econômica que empurrou 33 milhões de pessoas para as estatísticas dos que passam fome. Em dois anos, dobrou o número de domicílios com crianças menores de 10 anos que não têm o que comer. Neste ano, o índice subiu para 18,1% enquanto há dois anos (2020) era de 9,4%. Com o alto número de pais sem trabalho, a merenda é uma chance de refeição equilibrada para parte das crianças.

Para o Sinpro, o atual governo federal condena o futuro das crianças com esta atitude e mostra que a educação nunca foi uma prioridade. Com verba insuficiente para a merenda escolar, Bolsonaro condena o futuro do país, uma vez que a alimentação é fator essencial para o desenvolvimento das crianças. Além disto, condena o país à ignorância, fator que acontece desde o início do seu mandato, quando ataca a educação de forma corriqueira.