Novas evidências reforçam que, sob Bolsonaro, MEC se tornou balcão de negócios

O jornal Folha de S. Paulo obteve mensagens enviadas por e-mail pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) a uma prefeitura, no qual o órgão pede um ofício de solicitação de verba para uma obra já liberada. Também pede que tal ofício fosse preenchido com data retroativa à autorização. O detalhe muito importante é que a mensagem foi enviada em fevereiro deste ano, sendo que a verba já tinha sido autorizada em dezembro de 2021.

O FNDE é ligado ao Ministério da Educação (MEC) e está no centro dos escândalos de corrupção que vêm sendo denunciados no ministério há meses. O órgão foi entregue por Bolsonaro ao centrão em troca de apoio. Desde então, viu-se uma explosão de aprovações de obras sem critérios técnicos, buscando fraudar o sistema e priorizar pagamentos a aliados.

A organização não-governamental Transparência Brasil também apontou em levantamento que o FNDE destinou R$ 423 milhões via orçamento secreto a obras de escolas e creches sem aprovação. Os dados utilizados são referentes a 2020 e 2021 e foram obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Enquanto isso, 2,5 mil obras estão atrasadas em escolas por todo o país que dependem de recursos do FNDE. Segundo a Transparência Brasil, 72% dessas obras estão completamente paralisadas.

Os casos indicam, mais uma vez, que o MEC se tornou um balcão de negócios sob o governo Bolsonaro. O ex-ministro Milton Ribeiro chegou a ser preso em julho deste ano, quando vieram a público escândalos de corrupção no FNDE, envolvendo pedidos de propina para liberação de verbas e intermédio de pastores nas operações.

Vale lembrar que o delegado da Polícia Federal que vinha conduzindo as investigações foi afastado do cargo. É a velha máxima: todos pensarão que não há corrupção se a investigação da corrupção não for permitida.

A corrupção no MEC

Em julho, o escândalo de corrupção envolvendo dois pastores evangélicos que não exercem cargos oficiais no Ministério da Educação, mas são base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi confirmado por 10 prefeitos: houve pedido de propina para a liberação de verbas do MEC para suas cidades.

Os prefeitos acusaram os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos de operarem um esquema no MEC para facilitar a liberação de recursos no FNDE. A denúncia veio à tona com a divulgação de uma gravação em que o próprio ministro da Educação admite que o presidente Bolsonaro pediu que ele liberasse verbas intermediadas pelos pastores.

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